Depois de perder para a Ânima a disputa pelos ativos da americana Laureate no Brasil – que incluíam a universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo -, o grupo Ser Educacional passou a buscar novos horizontes. O maior grupo educacional do Norte e Nordeste do País fechou, apenas em dezembro, três aquisições – e já tem outras na manga. “Queremos construir um ecossistema digital de ofertas educacionais, formado com marcas fortes regionais”, afirmou o presidente da Ser Educacional, Jânyo Diniz, em entrevista ao Estadão.
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A estratégia, agora, vai além do crescimento em medicina – área desejada pelo setor educacional, por causa do alto preço das mensalidades. A guinada digital da Ser, que ganhou velocidade e tom emergencial com a pandemia, será uma das principais vias de crescimento. Exemplo disso foi a aquisição de uma startup neste mês.
Segundo Diniz, com os ativos da Laureate fora do baralho, a companhia prosseguiu com outras transações que já estavam na mesa. “Tínhamos outras alternativas engatilhadas. Tínhamos um pipeline de aquisições e parte começou a acontecer agora”, conta.
Dono das marcas como Uninassau, Uninabuco, Univeritas, Unama e Uninorte, o grupo acaba de bater a marca de 200 mil alunos e já vem colhendo os frutos de sua vertente digital. Os cursos a distância, que ainda lidavam com um certo preconceito, venceram essa barreira com os alunos colocados em casa de forma mandatória na pandemia. E isso, é claro, acelerou a estratégia digital e projetos estão sendo antecipados. Para o próximo ano, a empresa colocou em seu planejamento estratégico R$ 150 milhões de investimento para a educação digital.
O primeiro desembolso desse plano acabou saindo no fim do ano: a startup mineira Beduka, plataforma que atua no mercado de apoio online para alunos que buscam ingressar no ensino superior, por meio de planos de estudos e simulados do Enem, por exemplo. “O portal tem mais de 800 mil visitantes únicos sem nunca ter tido publicidade”, afirma Diniz.
Do dinheiro que será desembolsado ano que vem, a Ser já definiu que R$ 100 milhões serão destinados para a compra das Edtechs, como são chamadas as empresas de educação digital, caso da Beduka.
O plano de expansão contempla ainda a retomada da abertura de unidades e polos de ensino a distância, com cinco unidades digitais, que ofertarão cursos híbridos e 100% online e de 50 polos de ensino a distância, dedicados a oferta de cursos online. Os chamados câmpus digitais serão em shoppings centers, algo que, segundo a empresa, também garante a maior segurança para os estudantes.
“Os cursos serão híbridos. O mercado mudou e isso é algo irremediável”, afirma Diniz. Se de um lado o alcance da companhia aumenta com a educação a cada dia mais digital, um dos efeitos colaterais é que a concorrência também cresce, deixando de ser apenas regional.
Mudança de estratégia
É uma clara alteração de rota para a companhia. Ao longo de 2020, o grupo desembolsou cerca de R$ 500 milhões para fazer cinco compras de ativos. Mas o principal foco foi o ensino presidencial: a companhia conseguiu dobrar as vagas do curso de medicina. O diretor de Relações com investidores da Ser, Rodrigo Alves, conta que, das compras, três foram de cursos de medicina em regiões que estão observando crescimento exponencial do agronegócio – o que vem provocando, em paralelo, aumento da demanda por esse tipo de profissional.
O Citi, em relatório, destaca a estratégia renovada da empresa para expandir o seu papel no ecossistema da educação por meio de cursos digitais flexíveis. “Em nossa opinião, a estratégia pode não apenas aumentar o mercado endereçável da empresa, mas também adicionar uma nova unidade de negócios de ativos leves com margens sólidas, retornos e geração de fluxo de caixa”, diz o banco. “Concordamos que os planos ainda são relativamente incipientes e a execução não é um passeio no parque, mas continua sendo uma opção atraente”, afirma o documento.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Fernanda Guimarães
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