A construtora Tenda (TEND3), focada em imóveis para baixa renda, acelerou o processo de transformação digital devido ao fechamento de lojas pela pandemia de Covid-19 e isso foi crucial para a retomada dos lançamentos e vendas em meio à resiliência do mercado de habitação popular, segundo Renan Sanches, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa.
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A expectativa agora é chegar a 20% de participação de mercado nas regiões metropolitanas em 5 anos e expandir o projeto de construção de casas off-site, disse Sanches, em entrevista ao Mercado News. No modelo off-site, partes do imóvel são produzidas em uma fábrica para, em seguida, serem transportadas para montagem no canteiro de obras.
No meio do caminho há uma preocupação em relação ao impacto da alta dos preços de matérias-primas no segmento de imóveis para baixa renda. “Em imóveis de maior valor tem sido possível repassar para os preços as altas nos custos, o que se mostra mais difícil nas unidades populares devido ao teto dos valores do programa habitacional Casa Verde e Amarela [antigo Minha Casa, Minha Vida] e da capacidade de pagamento limitada dos clientes”, afirmou.
A seguir, leia a conversa com o diretor da Tenda, Renan Sanches:
Qual vem sendo o maior desafio em aplicar a tecnologia woodframe no segmento de imóveis populares?
Vemos o woodframe como uma das principais tecnologias construtivas, tendo baixo custo e maior rapidez no processo de edificação. Além disso, é transformacional em termos de impacto ambiental. Diferentemente de outros insumos, como aço e concreto, que são emissores de carbono, a madeira sequestra carbono do meio ambiente para crescer. O woodframe é amplamente aplicado em residências de alto padrão em países como Canadá, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Suécia e homologado no Brasil. Dito isso, o maior desafio são os componentes secundários da tecnologia que ou são importados ou tem baixa capacidade produtiva no Brasil. Assim, o desafio passa por ajudar a desenvolver esta cadeia de suprimentos no País.
Como a empresa tem observado o ritmo de vendas e lançamentos nestas últimas semanas do ano?
O mercado de habitação popular tem se mostrado resiliente. Após dois trimestres de efeitos mais severos em função da pandemia de Covid-19, o terceiro trimestre de 2020 foi marcado pela retomada de bons desempenhos operacionais e financeiros pela Tenda, com 17 empreendimentos lançados e recorde histórico de vendas, com Valor Geral de Vendas (VGV) de quase R$ 1 bilhão. A retomada, no entanto, só foi possível graças à transformação digital realizada pela companhia desde 2019 e pelos investimentos em iniciativas de marketing para direcionamento do fluxo de vendas das lojas físicas para os canais digitais. Encarar a transformação digital como um imperativo para o sucesso do negócio já era um dos desafios estratégicos da companhia para 2020. Mas, com o fechamento das lojas no início da pandemia, o processo precisou ser acelerado.
Qual é a sua percepção sobre a demanda por imóveis em 2021 em meio ao isolamento social?
Os resultados apresentados nos últimos meses do ano credenciam a Tenda a entrar em 2021 muito mais forte e otimista, com mais produtos para comercialização e com o conforto empresarial necessário para continuar investindo. A Tenda estima chegar a 20% de fatia de mercado nas regiões metropolitanas em cinco anos. Atualmente, a incorporadora tem cerca de 10% de participação nas regiões metropolitanas. Também pretendemos aumentar a competitividade, aproveitando melhor os terrenos no maior mercado imobiliário do país. O próximo passo será trazer mais flexibilidade para o nosso produto e reduzir os custos.
O aumento de custos de matérias-primas tem efeito maior sobre as margens do segmento de baixa renda? Como a empresa está conduzindo essa questão?
Sim, com certeza. Em imóveis de maior valor tem sido possível repassar para os preços as altas nos custos, o que se mostra mais difícil nas unidades populares devido ao teto dos valores do programa habitacional Casa Verde e Amarela [antigo Minha Casa, Minha Vida] e da capacidade de pagamento limitada dos clientes. A falta de estoque e o aumento dos preços dos principais itens utilizados pelo mercado imobiliário podem impactar justamente no índice de lançamentos de imóveis, respingando seus efeitos para as vendas nos próximos meses. Então, há uma preocupação neste sentido.
Qual é a expectativa da empresa para 2021 e o que espera para o segmento de imóveis para a baixa renda?
Nossos planos permanecem inalterados. A Tenda entrou na segunda metade do ano atenta aos desafios operacionais presentes no curto prazo, engajada em investir nos projetos de longo prazo e ciente de que o quadro econômico pós-pandemia pode trazer novas complexidades. A companhia seguirá trabalhando com dinamismo para preservar valor e garantir a sustentabilidade do negócio. Também continuará investindo em plataformas que aumentem a eficiência e apoiem nossos clientes em todas as etapas da aquisição do imóvel. Vamos também expandir os testes do projeto de construção de casas off-site, a grande plataforma de crescimento da Tenda para os próximos anos. O objetivo em 2021 é certificar este modelo de negócios e ampliar o projeto.
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