Os juros fecharam em queda pronunciada nos contratos de curto e médio prazos e mais branda nas taxas longas. O condutor para o desenho da curva foi o IPCA-15 de dezembro aquém da mediana das estimativas, que pressionou para baixo vencimentos até 2024, reforçando a percepção de que a Selic ficará estável em 2% no Copom de janeiro. Já os longos oscilaram com viés de baixa, equilibrando os riscos da votação na Câmara da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta repasses a municípios, prevista para hoje, e reação positiva à aprovação do pacote fiscal norte-americano de US$ 900 bilhões nesta madrugada.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 2,90% e a estendida em 2,89%, de 2,974% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,425% para 4,30% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,86% (regular e estendida), de 5,924% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 foi de 6,693% ontem para 6,65% (regular) e 6,66% (estendida).
O índice de dezembro subiu 1,06%, fechando 2020 em 4,23%, o mais alto para um ano desde 2016, quando ficou em 6,58%. Porém, o mercado se apegou no fato de que a mediana das estimativas para o dado mensal era maior (1,16%) e de que a média dos núcleos, sobre os quais a política monetária é capaz de atuar, desacelerou – 0,51% para 0,39% segundo o Banco BV -, endossando a ideia de que o Copom pode dar alguma sobrevida ao forward guidance antes de começar o processo de aperto monetário.
“O IPCA-15 veio como esperado em sua composição, embora mais baixo. O importante é que sua alta segue pontual, principalmente por itens não sensíveis à demanda (alimentos e administrados), enquanto outros (serviços e vestuário), sensíveis à demanda, não dão sinal de repasse de câmbio ou outros custos”, afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves.
Enquanto o IPCA-15 trouxe alívio à ponta curta e, principalmente, ao miolo, os longos, sensíveis ao risco fiscal, operaram em banho-maria, num comportamento até surpreendente, mas compreensível – diante da fartura de liquidez no mundo -, considerando-se o estrago que a aprovação da PEC dos municípios pode causar nas contas públicas. A proposta pode retirar R$ 4 bilhões do caixa da União por ano, conforme revelou o Estadão/Broadcast. Em 12 anos, o valor pode chegar a R$ 43 bilhões. A sessão em que a PEC seria votada, às 18h, foi cancelada já nos minutos finais dos negócios, mas o deputado Marcel Van Hattem, que preside Plenário, disse que a Câmara poderá convocar nova sessão para apreciar a proposta.
Na visão do estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii, o mercado está dando mais peso a notícias positivas, colocando o risco fiscal em segundo plano e relevando questões como, por exemplo, o conturbado programa de vacinação contra covid no Brasil. “Falta articulação para organizar esse cronograma de vacinação, que tem potencial para afetar a economia”, disse, lembrando ainda da sucessão no Congresso e agenda das reformas travada como outros dois fatores importantes a serem monitorados.
Por Denise Abarca
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