O dólar chegou a cair a R$ 5,01 pela manhã, com o otimismo pelo início da vacinação contra a covid nos Estados Unidos. Mas a moeda americana embalou alta no fim da manhã e chegou a bater em R$ 5,13 pela tarde, em meio ao temor de prorrogação do auxílio emergencial e da não votação da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) na próxima quarta-feira (16), como está previsto. Por isso, o real acabou sendo destaque de piora hoje ante o dólar no mercado financeiro internacional, junto com o rublo, da Rússia.
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No fechamento, o dólar à vista encerrou em alta de 1,52%, a R$ 5,1228. No mercado futuro, o dólar para janeiro fechou em alta de 1,06%, a R$ 5,1195.
No final da manhã, o mercado doméstico piorou e o dólar renovou sucessivas máximas quando o Broadcast mostrou que o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou projeto para prorrogar o pagamento do auxílio até 31 de março de 2021. Ao mesmo tempo, começaram a circular nas mesas de operação o rumor de adiamento da votação da LDO. “É compromisso zero de Brasília com o ajuste fiscal”, disse um gestor de multimercados, ressaltando que os ruídos de hoje interromperam o processo de redução de apostas contra o real, que vem ganhando força desde novembro.
No meio da tarde, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, descartou a renovação do auxílio emergencial porque, “em princípio”, o governo não vai prorrogar o “orçamento de guerra”, que suspendeu a aplicação de regras fiscais. O parlamentar também garantiu a votação da LDO na quarta-feira. Mas o clima de desconfiança permaneceu nas mesas de câmbio e, enquanto no exterior, o dólar ganhou força ante emergentes.
Os analistas da consultoria inglesa TS Lombard, Elizabeth Johnson e Wilson Ferrarezi, alertam que o atraso da aprovação do Orçamento vai contribuir para manter a incerteza fiscal alta e os prêmios de risco elevados. A disputa pela presidência da Câmara, acrescentam, já provocou atrasos nas discussões orçamentárias e nos projetos fiscais e será o escolhido que vai ditar o ritmo dos avanços no ano que vem.
O cenário-base da TS Lombard é que o auxílio emergencial não será prorrogado para 2021. Ao mesmo tempo, os dois analistas alertam que uma segunda onda mais forte de coronavírus no Brasil aumenta as chances de isso ocorrer.
Enquanto o noticiário fiscal esquentava, a diretora gerente da S&P Global, Lisa Schineller, alertou que a relação entra a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, uma medida de solvência de um país, está em nível “extremamente fraco”, superando os 90%. Nesse ambiente, aumenta a preocupação com a rolagem da dívida doméstica, uma fator a ser monitorado em 2021, juntamente com o compromisso do governo em fazer o ajuste fiscal.
Por Altamiro Silva Junior
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