Mercados

Fraqueza externa limita alta da B3 após dados positivos e commodities

O espalhamento da pandemia do novo coronavírus em várias partes do globo e a falta de consenso nas negociações de um novo pacote de estímulos nos EUA voltam a incomodar os mercados, que parecem sem força para dar continuidade às máximas recentes, pelo menos por ora. Os sinais são mistos nas bolsas europeias, onde o Banco Central Europeu (BCE) confirmou a expectativa e manteve os juros, mas aumentou o volume de suas compras de bônus. Os índices futuros em Nova York têm ligeiro recuo.

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Ontem, mesmo o Ibovespa deu sinais de cansaço e, por pouco não fechou na faixa dos 112 mil pontos, mas caiu 0,70%, aos 113.001,16 pontos, com giro financeiro de R$ 28 bilhões. “O fluxo está diminuindo, falta definição em relação ao pacote americano e ao acordo comercial pós-Brexit, sem falar que no Brasil o governo só pensa na eleição na Câmara. Com isso, a agenda de reformas se distancia”, avalia Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença.

As commodities dão força para o Ibovespa, que chegou à máxima intraday aos 113.923,22 pontos. As ações da Petrobras avançavam entre 1,30% (PN) e 1,91% (ON), às 10h48, enquanto o petróleo tem ganhos na faixa de 1,5% no mercado internacional, diante das expectativas de vacina para a covid-19 e de mais estímulos nos EUA, apesar das duvidas que cercam os dois temas. Além disso, Petrobras reage à notíticia de que a estatal concluiu a venda de 100% de suas participações em quatro campos terrestres na Bacia do Tucano (BA), para a Eagle Exploração de Óleo e Gás Ltda.

Vale ON subia 1,89%, enquanto CSN ON, 5,85%, e Usiminas PNA, 1,36%, na esteira da valorização do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China. A commodity fechou em alta de 4,28% nesta quinta-feira, a US$ 156,58 a tonelada.

A despeito das vendas varejistas do País em outubro melhores do que o esperado, Monteiro vê pouco espaço para que isso estimule ações do setor na B3 de forma considerável, em meio ao entendimento de muitos no mercado de retomada de alta do juro básico, conforme o comunicado do Copom.

Ontem, o Comitê manteve a Selic em 2,00% ao ano. No documento, o Banco Central preparou o terreno para possível elevação dos juros em 2021. O motivo é que as projeções de inflação estão se aproximando das metas perseguidas pelo BC nos próximos anos. Com isso, a avaliação é de que a instituição poderá acabar com o chamado forward guidance (ou prescrição futura, na tradução do inglês).

“As vendas do varejo podem não ajudar. Se há perspectiva de aumento do juro básico, isso tende a ser ruim no curto prazo para o setor”, afirma Monteiro. O índice que mede o setor de consumo na B3 caía 0,85%, às 10h52.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, também avalia os números da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) com cuidado. “De fato, são números robustos e isso é um bom sinal. No entanto, não vai corroborar a ideia de que não há mais problemas no Brasil. Não dá para fazer revisões nas projeções de PIB”, admite Sanchez, que estima queda de 5,3% do PIB em 2020 e alta de 2,90% no ano que vem, com Selic só voltando a subir em 2022.

“Temos de esperar os dados de serviços saem amanhã. O desemprego deve subir mais e as vendas ainda têm influências dos benefícios concedidos durante a pandemia de covid-19 e da abundância de crédito”, afirma o economista-chefe da Ativa.

Por Maria Regina Silva

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Estadão Conteúdo

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