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PIB ainda está 4,1% abaixo do nível do 4º tri de 2019 e recuperou parte de perdas

Com a alta de 7,7% no terceiro trimestre ante o segundo, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda está 4,1% abaixo do nível do quarto trimestre de 2019, recuperando apenas uma parte das perdas por causa da pandemia de covid-19, informou nesta quinta-feira, 3, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“No auge da pandemia, chegamos ao mesmo nível de 2009, e abaixo do pico em 14%”, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. “Agora recuperamos uma parte dessa perda, mas ainda estamos 7,3% abaixo do pico e 4,1% abaixo do fim de 2019”, completou a pesquisadora.

O pico da série histórica do PIB, iniciada em 1996, foi registrado no primeiro trimestre de 2014, antes de o País entrar na grande recessão de 2014 a 2016. No terceiro trimestre, o nível da atividade ainda estava 7,3% abaixo do pico.

Segundo Rebeca, após a recessão de 2014 a 2016, a economia vinha se recuperando desde o início de 2017. O nível da atividade no terceiro trimestre foi equivalente ao do início de 2017, quando a economia brasileira começava a trajetória de recuperação após a recessão anterior à atual.

A pesquisadora do IBGE chamou a atenção para a heterogeneidade da retomada do terceiro trimestre. Atividades como a indústria e o comércio já recuperaram o nível de atividade do primeiro trimestre deste ano, enquanto o PIB de serviços e o consumo das famílias estão em nível semelhante ao do início de 2017.

Serviços

Segundo Rebeca, o PIB brasileiro ainda não voltou ao patamar pré-pandemia por causa do setor de serviços, que ainda sofre as consequências da mudança nos padrões de consumo da população decorrentes da crise sanitária.

O setor de serviços responde por cerca de 73,5% da economia brasileira, portanto, a retomada contundente depende de resultados positivos também neste segmento, confirmou Rebeca. A pandemia afetou especialmente o desempenho dos serviços prestados às famílias e o transporte de passageiros.

“Além de serviços terem três quartos da economia como um todo, principalmente os serviços prestados às famílias, mesmo que tenham acabado as restrições, obviamente que tanto a oferta e também a demanda não voltaram aos patamares pré-pandemia”, disse Rebeca, lembrando que as pessoas estão deixando de ir ao salão de beleza e ao cinema, por exemplo.

Segundo Rebeca, a baixa demanda por serviços elevou a poupança. “Houve um aumento grande da poupança. As pessoas com mais renda estão conseguindo poupar mais. O consumo das (famílias de renda) mais baixas não é tanto de serviços, na renda mais alta é bastante”, justificou a coordenadora do IBGE.

Setor externo

O setor externo contribuiu positivamente para o crescimento econômico no terceiro trimestre, disse Rebeca. Tanto as exportações quanto as importações recuaram no PIB do terceiro trimestre, mas as compras de bens e serviços do exterior (-25,0% sobre o terceiro trimestre de 2019) caíram mais do que as vendas para fora (-1,1%). Segundo Rebeca, o impacto da pandemia de covid-19 sobre a prestação de serviços internacionais ditou o ritmo das componentes do setor externo.

No caso das exportações, a desvalorização do câmbio entre o terceiro trimestre de 2019 e o terceiro trimestre deste ano até impulsionou as vendas de matérias-primas, mas a recessão nos demais países derrubou a demanda por manufaturados. No caso das importações, o dólar mais caro desestimulou as compras de bens no exterior, já afetadas por uma demanda menor por causa da queda da demanda interna – o consumo das famílias caiu 6,0% ante o terceiro trimestre de 2019.

Nos serviços, as restrições a viagens e turismo afetaram todas as trocas com o mundo. A visita de turistas estrangeiros derrubou as exportações enquanto a redução das viagens dos brasileiros para fora derrubou as importações. “Essa parte toda de transportes e viagens caiu muito”, disse Rebeca.

Por Daniela Amorim, Mariana Durão e Vinicius Neder

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Estadão Conteúdo

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