A Embraer divulgou ao mercado nesta quarta-feira, 2, suas estimativas para o setor aéreo nos próximos 10 anos com um cenário ainda desafiador para a demanda global. Segundo a empresa, o tráfego global de passageiros (medido em passageiros pagantes transportados por quilômetro – RPKs, na sigla em inglês) retornará aos níveis de 2019 apenas em 2024. A retomada, entretanto, ficará 19% abaixo do volume previsto pela Embraer ao longo da década, até 2029.
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Mas o cenário traz oportunidades para a empresa. A Embraer espera que o mercado doméstico deverá se recuperar 12 meses antes do que o internacional. A previsão abre espaço para os jatos menores, que na aposta da fabricante brasileira será a principal escolha das companhias aéreas.
“O impacto de curto prazo da pandemia global tem implicações de longo prazo na demanda por novas aeronaves”, disse Arjan Meijer, presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial. “Nossa previsão reflete algumas das tendências que já estamos observando – a aposentadoria antecipada de aeronaves mais antigas e menos eficientes, a preferência por aviões menores para atender à demanda mais baixa de forma lucrativa, e a crescente importância das rotas domésticas e regionais para as companhias na restauração do serviço aéreo. Aeronaves com até 150 assentos serão essenciais para a rápida recuperação da nossa indústria.”
A Embraer estima que 4.420 novos jatos de até 150 assentos serão entregues pelo setor até 2029. Desse total, 75% substituirão aeronaves antigas e 25% representarão o crescimento do mercado. A maior parte das entregas será para companhias aéreas da América do Norte (1.520 unidades), China e Ásia-Pacífico (1.220 unidades).
No segmento de turboélices, que a fabricante quer entrar, a estimativa é de que o setor entregue 1.080 novas unidades até 2029. A maior parte será para companhias aéreas da China e Ásia-Pacífico (490 unidades) e Europa (190 unidades).
O desenvolvimento de uma aeronave turboélice pela Embraer, para brigar pelo mercado com o ATR, da Airbus e da italiana Leonardo, não deve se concretizar enquanto a fabricante brasileira não conseguir um parceiro. Antes, o plano era de que esse projeto fosse tocado pela Boeing Brasil Commercial, joint venture que seria formada após a venda de 80% da divisão de aviação comercial da Embraer para a Boeing. O negócio, entretanto, não prosperou.
O documento aponta ainda uma mudança do comportamento do passageiro, que tende a dar preferência por voos de curta distância, na esteira dos novos procedimentos de voo e percepção pessoal de segurança por causa da pandemia. Além disso, há uma tendência de descentralização de escritórios de grandes centros urbanos. Os dois cenários, segundo a empresa, exigirá redes aéreas mais diversificadas.
Por Cristian Favaro
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