O mercado de combustíveis só deve voltar ao bom desempenho experimentado em 2019 daqui a dois anos, disse nesta terça-feira, 1º, o presidente da Ipiranga, Marcelo Araújo. A empresa é pioneira na instalação de estações de carregamento de carros elétricos no Brasil e aposta na multiplicidade de fontes de energia para a mobilidade automotiva nas próximas décadas.
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“O pior ficou para trás, agora é hora de retomada em 2021, mas a partir de 2022 o mercado de combustíveis deve recuperar seu vigor, com a retomada da economia”, disse Araújo para o Backstage Rio, Oil & Gas, promovido pela agência epbr. “Para 2021, o volume do mercado de combustíveis deve superar 2019, entre 0 e 1%. Muito pouco na verdade, com o diesel superando 4%, e gasolina e álcool ainda abaixo”, explicou.
Araújo informou que o quarto trimestre do ano está repetindo o que foi observado no terceiro trimestre, com o diesel superando levemente o consumo do ano passado, mas gasolina e etanol perdendo entre 5% e 7% das vendas. Ele disse não acreditar em uma segunda onda de covid-19 como a primeira, que levou a quedas de até 70% no consumo da gasolina e do etanol em abril, mas que poderá haver pioras localizadas.
“A gente não está trabalhando com uma segunda onda que vai ter uma restrição muito forte, deve ser diferente em cada região do País, mas na média deve continuar na mesma trajetória, com recuperação mais lenta para gasolina e álcool, e um pouco mais rápida no diesel”, avaliou.
Ele disse enxergar com bastante otimismo as mudanças que estão ocorrendo no mercado de downstream (refino e distribuição) no Brasil, com a venda de ativos pela Petrobrás. “É a maior transformação no downstream que o setor viveu nos últimos 60 anos”, lembrou.
Mas ele observa que apesar de eficiente, “duas gerações não sabem o que é falta de combustível no País”, o setor de downstream tem uma carência de investimentos em infraestrutura que deverá ser superado após a abertura do parque de refino, quando novos modelos de negócios devem surgir, assim como um maior número de agentes, aumentando a competição no mercado.
“Vai ser uma dinâmica onde o mercado é muito líquido, vai ser possível fazer contratos de longo prazo, que é fundamental nesse setor, onde o capital é intensivo”, ressaltou, citando um estudo recente que aponta possibilidade de investimentos de R$ 80 bilhões a R$ 100 bilhões na infraestrutura na distribuição de combustíveis em dez anos.
“O investimento virá como decorrência dessa evolução fundamental que o mercado brasileiro está vivendo”, completou.
Essa evolução também vai abrir o mercado para outras fontes de energia, como a mobilidade elétrica, um dos focos da Ipiranga, que implantou o primeiro corredor de abastecimento elétrico da América Latina entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Com mais de 50 estações instaladas, a Ipiranga pretende expandir sua atuação nesse segmento, afirmou.
“Não achamos que apenas uma solução vai ser dominante como foi no século 20, vamos conviver com carros de petróleo, elétrico, célula de hidrogênio, e biocombustíveis que ainda vão surgir nas próximas décadas”, concluiu.
Por Denise Luna
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