Os juros futuros iniciaram a semana pós-eleição sinalizando alguma preocupação com a inflação no curto prazo mas reforçando levemente, nos vencimentos intermediários e longos, o voto de confiança com o andamento de propostas que deem boa condução para as contas públicas. Um vetor importante para o início dos negócios é a queda firme do dólar ante o real, assim como a intensificação das perdas ante moedas fortes, diante da notícia sobre vacina da Moderna – que pedirá hoje autorização para uso do imunizante nos EUA e na Europa – e também de expectativa com uma solução para o Brexit.
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Às 9h10, DI para janeiro de 2022 marcava 3,26% ante 3,28% na abertura e 3,275% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2023 marcava mínima a 4,91% ante 4,94% na abertura e 4,93% no ajuste de sexta-feira. DI para janeiro de 2025 marcava 6,68% ante 6,70%, mesma taxa no ajuste de sexta-feira. DI para janeiro de 2027 marcava 7,47%, mesma taxa da abertura, ante 7,49% no ajuste de sexta-feira. O diferencial entre os vencimentos para janeiro de 2022 e janeiro de 2027, que oferece boa medida do nível de inclinação da curva, estava em 421 ponto-base, bem abaixo dos 445 pontos-base do começo da semana passada.
Os agentes do mercado de juros futuros encerraram a semana passada sinalizando um novo voto de confiança à equipe econômica, com desmonte de posições tomadas e aderência ao dólar fraco (queda de 7% no mês até o dia 27). Como vetor positivo hoje, está o fim das eleições municipais no Brasil, o que abre caminho para o Legislativo dar andamento a pautas fiscais – seja a votação para o orçamento de 2021 ou as reformas prometidas pelo governo. Isso depende, na opinião do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, à vontade política do governo que colocou, segundo ele, como prioridade a discussão da possibilidade de haver reeleição das presidências das casas legislativas. Caso não seja obstruído como pretende o PTB, esse debate está nas mãos do STF, que tem até o dia 11 para dar uma resposta. No exterior, o dólar cai perante moedas fortes e está misto ante emergentes. Os futuros de NY estão em queda firme, enquanto as bolsas da Europa estão mistas.
Sobre a agenda fiscal, os agentes do mercado devem dar atenção a duas notícias. Uma é a possibilidade de criação de um “orçamento paralelo” multibilionário. A transição pleiteada pelo governo ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) possa usar o Orçamento de 2020 para bancar obras executadas nos próximos anos pode abrir a porteira e deixar até R$ 40 bilhões em gastos como “herança” para 2021. Outra é o esforço que a equipe econômica deve dar para combater a manobra de flexibilizar a meta de resultado primário, iniciativa tomada após o alerta do TCU sobre a ilegalidade de uma meta flexível para as contas públicas. Segundo apurou o Broadcast, a equipe econômica vai aumentar as reuniões para discutir uma nova meta de primário para 2021 com o objetivo de levar uma proposta ao Congresso Nacional antes da votação final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021. A LDO precisa ser aprovada até o fim do ano para evitar um completo apagão nas despesas no início de 2021, pois o governo não teria base legal sequer para pagar salários e benefícios.
A semana de agenda doméstica robusta – com PIB trimestral e produção industrial – começa com alta da expectativa de inflação. O Relatório de Mercado Focus trouxe nova elevação da previsão do IPCA em 2020 (de 3,45% para 3,54%) e para 2021 (de 3,40% para 3,47%). Apesar das mudanças nessas projeções, os economistas do mercado financeiro não alteraram, na média, as estimativas para Selic no fim de 2020 (2% ao ano), 2021 (3% ao ano), 2022 (4,5% ao ano) e 2023 (6% ao ano).
Hoje cedo, a FGV divulgou que o Índice de Confiança de Serviços (ICS) recuou 2,1 pontos na passagem de outubro para novembro, na série com ajuste sazonal, descendo a 85,4 pontos, a segunda retração consecutiva.
Por Karla Spotorno
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