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Petrobras corta investimento e quer reforçar agenda ambiental

A Petrobras anunciou ontem uma redução de US$ 20 bilhões em seus planos de investimento para os próximos cinco anos. O Plano estratégico para o período 2021-2025 prevê investimentos de US$ 55 bilhões e reflete o impacto da pandemia do covid-19, que reduziu o preço e a demanda da commodity no mundo. Esse é o segundo corte na projeção de orçamento feita pela companhia sob o comando de Roberto Castello Branco desde janeiro de 2019.

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O detalhamento dos planos estratégicos mostrou que a petroleira decidiu trocar uma alta mais forte na produção por ativos mais lucrativos. A decisão levou à redução das previsões de crescimento e reforçou a prioridade no pré-sal e na redução da dívida. Uma novidade fora dos números foi o destaque às preocupações ambientais. A mensagem é que, mesmo com as forças voltadas ao combustível não renovável, a Petrobras também quer ser “verde”.

Do total dos investimentos, 84% será voltado para o setor de exploração e produção, sendo que a maior parte, US$ 32 bilhões, aplicados na região do pré-sal, onde a Petrobras tem conseguido produzir a custos compatíveis com o declínio do preço do petróleo
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o plano é coerente com a atual gestão, que tem deixado claro que vai focar no seu principal negócio, a exploração do pré-sal. “Foi um, plano que não me surpreendeu e está bem fundamentado.”

“Claro que se a empresa continuar desinvestindo, essa curva (de produção) pode ser revista”, disse Tasso Vasconcellos, analista da Eleven Financial. Ainda assim, ele considera que o plano é positivo em um prazo mais longo. “Historicamente, o foco da Petrobras nunca foi a eficiência, mas isso está mudando.”

Analistas viram um conservadorismo na meta de redução da dívida.

Com a geração de caixa deste ano, era especulado que o nível de US$ 60 bilhões seria esperado já para o ano que vem, mas a Petrobras preferiu mantê-lo no horizonte para 2022. O número, o menor em uma década, vai sinalizar que a petroleira está pronta para pagar dividendos extras, algo que hoje ela não faz.

Os planos para reduzir o forte endividamento da companhia também foram afetados no plano estratégico pelas mudanças do mercado. A Petrobras previa vender ativos este ano, como refinarias, campos de petróleo e a Gaspetro (que reúne distribuidoras de gás), mas por causa da pandemia os negócios não foram adiante. Este ano, a dívida deve fechar em US$ 67 bilhões, disse a companhia.
Petroleira verde. A Petrobras fez ainda sinalizações de que vai reforçar a agenda da sustentabilidade ambiental ao revisar suas metas de redução de emissões de gases poluentes. Mais do que isso, atrelou a remuneração variável de seus funcionários ao cumprimento dessas metas, sinalizando que pretende ir além do discurso.

Especialistas veem como um passo audacioso. Ao priorizar o petróleo, ao contrário de rivais internacionais que apostam em energias renováveis, a Petrobras atrelou seu futuro a um combustível relacionado à degradação ambiental. Agora, precisa sinalizar que compensará os impactos. “Se as empresas não fizerem isso, não haverá procura pelos papéis”, diz Shin Lai, estrategista da Upside Investor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Denise Luna, Matheus Piovesana, Wagner Gomes e Niviane Magalhães

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Estadão Conteúdo

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