Os juros futuros são negociados com viés de alta nesta quinta-feira de leilão do Tesouro Nacional. O atrito entre o ministro Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pesa por ser “inoportuno” e “nada bom” neste momento de incerteza fiscal, segundo operadores. A alta das taxas é levemente mais intensa nos contratos longos, ampliando, assim, a inclinação da curva de juros futuros.
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O dólar forte ante o real e perante a maioria das moedas emergentes pressiona as taxas também, mas de forma moderada. Globalmente, o feriado nos Estados Unidos reduz a liquidez, sendo que na Europa as bolsas passaram a cair depois de uma abertura em leve alta.
Às 9h12, o DI para janeiro de 2022 estava na máxima a 3,36% ante 3,355% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2025 estava em 6,98% ante 6,93% no ajuste de ontem.
Na noite de ontem, Guedes rebateu as declarações de Campos Neto, feitas após o fechamento da sessão regular, demonstrando sentir-se ofendido e atacado “com pedras nas costas”.
O episódio sugere uma desconexão entre as principais autoridades da economia brasileira e serve de combustível em um mercado já inflamado pela demora em ver diretrizes liberais sendo executadas através de reformas estruturais.
Para o sócio e gestor da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, o descontrole fiscal é fator relevante para manter o dólar 20% fora do preço justo ante o real. A cautela de Stuhlberger com o futuro das contas públicas é tão grande que, mesmo fazendo as contas e vendo o dólar caro, ele diz não ter feito posições direcionais. “Não tenho posição no Verde. Nem ganhamos nem perdemos este ano”, disse ontem em evento da InfoMoney.
“O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça a ele qual é o plano dele. Pergunte a ele qual é o plano dele que vai recuperar a credibilidade. Porque o plano nós sabemos qual é. O plano nós já temos”, afirmou Guedes ontem à noite. As críticas levam os analistas da LCA Consultores a preverem alta de taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) por conta de “algum impacto negativo” com o conflito entre Guedes e Campos Neto.
Para Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, os ruídos entre os dois líderes “reforçam o ambiente de tensão do momento, diante das dificuldades da equipe econômica de levar adiante as necessárias medidas de ajuste”.
Além do leilão do Tesouro, a agenda local traz saldo de contratações e demissões em outubro segundo o Caged e resultado primário do Governo Central em outubro.
Mais cedo, a FGV divulgou que mais um indicador de confiança mostra queda. O Índice de Confiança do Comércio (Icom) caiu 2,3 pontos na passagem de outubro para novembro, para 93,5 pontos, a segunda queda consecutiva.
Por Karla Spotorno
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