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Dólar cai a R$ 5,32 e já acumula baixa de 7% no mês com fluxo externo

O dólar teve novo dia de queda ante o real, mesmo com a cautela observada nos mercados externos. Profissionais das mesas de câmbio relataram mais entradas de capital externo no Brasil, com o País aproveitando o apetite geral por risco de emergentes, mesmo com o risco fiscal em alta. Dados do Banco Central mostram que, somente este mês, já entraram US$ 5,6 bilhões para os mercados de Bolsa e renda fixa, o que ajuda o dólar a acumular queda de 7,3%. Se novembro terminasse hoje, seria o maior recuo mensal em dois anos.

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No fechamento desta quarta-feira, o dólar à vista encerrou em queda de 1,03%, a R$ 5,3202. No mercado futuro, o dólar para dezembro, que vence na próxima segunda-feira, fechou com recuo de 0,92%, a R$ 5,3245. O volume de negócios foi melhor que ontem, mas seguiu abaixo da média, ficando em US$ 10 bilhões. Amanhã, com feriado nos EUA e na sexta-feira, com os mercados encerrando mais cedo em Nova York, a perspectiva é de giro de negócios ainda mais fraco.

“O quadro global é positivo para o risco. Estamos em um mundo mais favorável do ponto de vista econômico”, disse o diretor da gestora SPX Capital Rogério Xavier em evento virtual hoje. Nesse ambiente, o dinheiro tem voltado para os mercados emergentes, mas o Brasil tem seus próprios problemas. Mesmo assim, ele considera que o governo tem chance de aproveitar esse cenário externo mais favorável e tentar encaminhar uma solução para os problemas fiscais, que colocaram o País “à beira do abismo”, mesmo termo usado pelo banco americano JPMorgan para descrever a situação do País.

“Nada tem sido feito e senso de urgência parece não existir no Brasil”, disse Xavier, falando que o governo tem falado muito, mas feito quase nada. “O Brasil tem seus problemas idiossincráticos e o câmbio é a variável de ajuste”, disse ele. Dependendo de como se avalia, o real pode não estar barato, argumentou. Mas com a situação fiscal deteriorada, Xavier destaca que não vê vantagem em ficar comprado no real ante o dólar.

O diretor e sócio-fundador da gestora Kapitalo, Carlos Woelz, afirma que o governo precisa apresentar um cronograma de medidas para enfrentar o problema fiscal e reduzir a incerteza dos agentes. Por enquanto, disse ele no mesmo evento que Xavier, da Empiricus e Vitreo, o governo só tem usado a retórica. “Paulo Guedes não para de falar, nunca vi tanto nas últimas semanas. Não adianta nada Guedes comunicar várias vezes para dizer a mesma coisa. Ao invés de falar de cabotagem, é preciso falar da trajetória da dívida.” Woelz avalia que o câmbio está barato no Brasil, ao mesmo tempo em que os brasileiros descobriram a diversificação de investimentos no exterior.

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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