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Dólar ignora vacina e sobe a R$ 5,43 com risco fiscal do Brasil

As notícias positivas sobre a vacina da AstraZeneca para combater o coronavírus animaram as bolsas pelo mundo, mas tiveram pouco efeito no mercado local de câmbio. O dólar chegou até a cair pela manhã, mas as preocupações fiscais tiveram peso mais determinante e a moeda americana voltou a subir ante o real, em dia também de altas nos emergentes, com a divisa da Turquia, outro país com problemas macroeconômicos, despencando mais de 3%.

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A falta de novidades concretas sobre o ajuste fiscal em discursos do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi recebida com desconforto pelas mesas de operação. Com a persistência do risco fiscal, participantes do mercado argumentam que mesmo o forte fluxo de capital externo que entra no país este mês não será suficiente para fazer o real se valorizar de forma sustentável. Só na Bolsa, já são R$ 26 bilhões, mas o efeito nas cotações tem sido localizado. “Até agora não houve anúncios oficiais sobre as medidas fiscais”, observam os economistas do JPMorgan, ressaltando que o Congresso nem começou ainda a discutir o Orçamento de 2021.

O dólar à vista fechou em alta de 0,88%, cotado em R$ 5,4330, após bater na máxima de R$ 5,45 no meio da tarde. No mercado futuro, o dólar para novembro fechou em alta de 1,12%, aos R$ 5,4410.

“O mercado vai querer ver para crer. O governo tem que priorizar o fiscal, fazer alguma coisa entre dezembro e janeiro. O ideal seria em dezembro, mas está muito complicado”, afirma o gestor e economista da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho. “Tem que ter alguma saída. Nas últimas semanas, basicamente o Congresso ficou parado”, afirma ele, ressaltando que a briga para a presidente da Câmara e da Comissão Mista do Orçamento está atrasando o resto da agenda.

Sem avanços, mesmo com o fluxo forte que entra no País, o economista da JF ressalta que o real não consegue se fortalecer de forma sustentável, com efeito apenas pontual. “É um sinal de que tem outros problemas internos, que fazem manter um certo descolamento, e é a questão fiscal.” Sobre a proposta de Guedes de vender reservas cambiais para reduzir a dívida, o gestor da JF avalia a medida como positiva e factível, mas com o timing errado. Ao sinalizar esta intenção agora, o governo passa a impressão de não estar contando com outras medidas de ajuste fiscal. “O governo não pode priorizar instrumentos cambiais para adiar o ajuste, porque o mercado vai pedir prêmio mesmo que ele tire reservas cambiais.”

Sobre o real, os analistas do Bank of America observam que os preços da moeda brasileira são atrativos, mas investidores apontam que a volatilidade segue alta e falta clareza sobre tendência.

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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