Economia

Diretor nega que BC tenha virado ‘refém’ do ‘forward guidance’

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, negou nesta quarta-feira, 18, que o BC tenha virado um “refém” do forward guidance adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) desde agosto. “Amarramos a mão de propósito, porque precisávamos gerar mais estímulo entendendo que o nível da Selic não seria capaz de entregar a inflação no centro da meta no horizonte relevante”, respondeu, em live promovida pelo jornal Valor Econômico.

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Serra avaliou que o forward guidance está prestando o seu serviço da forma que o BC gostaria. “Estamos nos aproximando do centro da meta em 2020, o que é desejável, embora não seja o horizonte relevante. A inflação de 2021 está ainda distante do centro da meta, mas estão voltando na direção correta”, avaliou.

O diretor lembrou que as cláusulas do forward guidance seguem de pé. “Ele vai sair automaticamente do jogo quando nossas projeções e as de mercado se aproximarem do centro da meta no horizonte relevante”, completou.

Serra argumentou ainda que as projeções do BC para inflação futura estão em linha com as estimativas do mercado financeiro colhidas na Focus. “Há algum tempo não há grandes divergências com a Focus. Está claro que não reinventamos a roda. Fazemos tão bem quanto os melhores analistas do mercado”, concluiu.

Temporária

O diretor de Política Monetária do BC repetiu a avaliação de que a inflação atual é temporária, decorrente de uma limitação de oferta concentrada em alguns setores que interromperam a produção no auge da pandemia e têm dificuldade de acompanhar retomada da demanda agora.

Questionado sobre o repasse cambial para a inflação, Serra lembrou que o hiato do mercado de bens era muito alto nos últimos anos, mas fechou rapidamente em 2020.

“Quando o hiato fecha, é natural que a indústria e o varejo repassem o aumento do custo do câmbio. Essa realidade de hoje é a que vai vigorar em 2021? Quando as pessoas voltarem a consumir serviços, os recursos direcionados para bens vão diminuir. O setor de serviços tem uma inércia maior no tempo, a de alimentos é menos inercial e se reverte no tempo”, afirmou o diretor.

Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro

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Estadão Conteúdo

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