Mercados

Exterior e atividade interna impulsionam Ibovespa, mas Guedes fica no radar

A solidificação da vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial dos Estados Unidos reanima os mercados nesta sexta-feira 13 depois de realização de lucros na véspera. Biden foi declarado vencedor pela imprensa no Arizona, além de ter recebido os parabéns da China pela vitória. O gesto tende a apaziguar os ânimos sino-americanos, já que o atual mandatário, Donald Trump, é avesso a uma harmonia com Pequim. O bom humor soma-se ainda à expectativa de que Biden consiga aprovar um pacote fiscal nos EUA. Ontem, o democrata conversou com lideranças da sigla no Congresso sobre o tema.

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Esse quadro permite uma reversão da queda de 2,20% do Ibovespa, ontem, que desceu para os 102.507,01 pontos, depois de superado os 105 mil pontos no fechamento de terça-feira. Se o otimismo vigorar, pode evitar um recuo na semana. Por ora, acumula alta semanal de 2,08%, após ganhos de 7,42% na anterior.

Às 10h21, o Ibovespa subia 0,50%, aos 103.021,09 pontos.

O resultado do IBC-Br somado a balanços corporativos melhores que o esperado também podem animar, observa o sócio-gestor da Unniao Investimentos, Marcelo Serrano. “A recuperação é boa, assim como muitas empresas estão mostrando números acima do previsto. Isso ajuda, mas o fiscal é complicado, e devemos começar o ano de 2021 bem complicado, ainda mais com essa questão de segunda onda de covid-19 no mundo”, afirma.

O Ibovespa futuro subia 0,36%, aos 103.280 pontos.

A semana começou positiva para os mercados, que ontem tiveram uma realização exagerada, avalia o estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimentos, Rafael Bevilacqua. Essa queda exagerada interna e externa refletiu o tom de cautela do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, e da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. “Foi no sentido de que, olha, temos a vacina no radar, mas é bom esperar para ver se dará tudo certo”, afirma o estrategista. Hoje, alguns dirigentes do Fed participarão de eventos virtuais, o que será acompanhado pelo mercado.

Dados zona do euro reforçando retomada também agregam ao sinal de alta nos ativos acionários. O PIB do bloco subiu 12,6% no terceiro trimestre ante o segundo, quase em linha com a previsão de 12,7%, enquanto dados comerciais tiveram o quinto mês de expansão.

“Tivemos os dados na zona do euro que também favorecem um dia mais positivo, a incerteza política eleição EUA se reduziu. A tendência é que os mercados voltam àquela toada de um cenário global de melhora”, estima Bevilacqua.

Porém, o investidor continua atento ao aumento global de casos de covid-19, especialmente nos EUA e na Europa, o que provoca preocupações sobre a dinâmica da retomada econômica mundial. Apesar da alta das bolsas europeias e dos índices futuros em Nova York, o petróleo cai no mercado internacional esta manhã, limitando ganhos das Petrobrás (alta em torno de 0,20%). O minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, na China, fechou em queda de 1,11%, a US$ 122,37 a tonelada, também reduzindo a valorização de Vale ON (0,16%).

No Brasil, deve fitar os olhos nas palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes, em palestra no 39º Encontro Nacional de Comércio Exterior, a partir das 10h30.

As afirmações de Guedes ditas ontem incomodou os mercados. Afirmou que se o Brasil tiver uma segunda onda de covid-19, o auxílio emergencial deverá ser prorrogado. A afirmação não agradou aos investidores que questionam de onde sairá o dinheiro caso isso seja necessário no momento em que o País já está com as contas publicas comprometidas e pouco se vê avançar a agenda de reformas.

Reforço

A safra de balanços no Brasil continua. A B3, por exemplo, apresentou aumento de 34,4% em seu lucro no terceiro trimestre na comparação com igual período de 2019, crescendo 13% ante o segundo trimestre de 2020. Também houve expansão do Ebitda recorrente e da receita líquida. As ações subiam 0,45% perto das 10h30.

Também houve crescimento no lucro da incorporadora Cyrela. O montante atingiu R$ 1,403 bilhão no terceiro trimestre, o que significa 13,5 vezes maior do que o lucro de R$ 104 milhões no mesmo período de 2019. Os papéis da empresa tinham ganhos de 1,45% no horário citado acima.

Por Maria Regina Silva

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Estadão Conteúdo

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