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Juros fecham em alta e têm máximas no fim do dia com fala de Bolsonaro

Após quatro sessões consecutivas de queda, os juros futuros cumpriram trajetória de alta nesta terça-feira, 10, na contramão do bom desempenho dos demais ativos de risco domésticos. No fechamento da sessão regular, as taxas de curto e médio prazos rondavam a estabilidade e as longas avançavam, configurando ganho de inclinação para a curva. Na etapa estendida, porém, houve um estresse generalizado, com máximas em todos os vértices, com o mercado reagindo negativamente a declarações do presidente Jair Bolsonaro, sobre auxílio emergencial.

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Durante a etapa regular, os investidores aproveitaram a agenda e noticiários fracos e o leilão de NTN-B para ajuste nas posições, respaldados ainda pela ausência de sinalização em relação ao cenário fiscal, que está preocupando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A recomposição de prêmios teve ainda a seu favor a abertura da curva americana, mas foi limitada pelo aumento na confiança no lançamento de uma vacina antes do estimado e ainda a repercussão positiva da eleição de Joe Biden nos Estados Unidos.

Na estendida, porém, as preocupações com o quadro fiscal se acentuaram com a fala do presidente, em evento sobre a retomada do setor de turismo, lidas como possibilidade de extensão do pagamento do auxílio emergencial em 2021, que já havia sido negada anteriormente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “Acaba o auxílio, como ficam quase 40 milhões de invisíveis, que perderam tudo?”, afirmou Bolsonaro. “O mercado azedou depois disso”, disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset Cassio Andrade Xavier.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) fechou a estendida com taxa de 3,320%, de 3,30% na regular e 3,295% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 fechou com taxa de 4,87% (4,82% na regular e 4,815% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 6,424% no ajuste e 6,50% na regular para 6,58% na estendida. A taxa do DI para janeiro e 2027 encerrou na máxima de 7,36%, de 7,163% ontem no ajuste e 7,24% na regular.

“Após uma sequência de sessões positivas, é natural haver uma perda de fôlego especialmente num dia de agenda esvaziada”, disse Xavier, acrescentando ainda que a terça-feira foi de rendimento dos Treasuries em alta. “A curva americana está mais elevada, ainda não atrapalha tanto os ativos de risco, mas afeta em alguma medida aqueles que estavam mais descontados”, completou.

A equipe da JF Trust destaca que, sem as aprovações de pautas fiscais relevantes, o fôlego de queda dos DIs é restrito. “Não deveremos esperar por votações dos projetos fiscais em novembro e, sobretudo, sem o dispositivo na PEC Emergencial referente ao gatilho para cumprir o teto dos gastos, há limites para queda dos juros médios e longos”, afirma relatório da gestora, que tem como Eduardo Velho como sócio e economista-chefe.

Ontem, Rodrigo Maia voltou a criticar a obstrução da base do governo nas sessões da Câmara e disse que “o Brasil vai explodir em janeiro se as matérias não forem votadas”, em entrevista à CNN Brasil.

Passado o leilão de NTN-B no fim da manhã, as taxas, especialmente no miolo da curva, começaram a ter alívio, reduzindo a alta, e as mais curtas passando a rondar a estabilidade. O Tesouro vendeu 1,325 milhão de títulos, ou quase todo o lote de 1,350 milhão ofertado.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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