O dólar teve dois extremos nesta segunda-feira, 9, oscilando 20 centavos entra a máxima e a mínima do pregão. Pela manhã, caiu a R$ 5,22 em meio ao otimismo com a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, testes positivos da vacina contra o coronavírus da Pfizer e perspectiva de atuação forte do Banco Central nesta reta final de 2020. Nos negócios da tarde, a moeda americana passou a subir, e foi a R$ 5,42 em um movimento de realização de ganhos, em meio à busca de um novo ponto de acomodação para o câmbio e volatilidade das divisas emergentes no exterior. No fechamento, o dólar à vista terminou em leve queda de 0,04%, cotado em R$ 5,3917. No mercado futuro, o dólar para dezembro fechou em alta de 038%, em R$ 5,3905.
O dia foi marcado pela busca de ativos de risco no exterior, com bolsas em forte alta, mas o comportamento das moedas de países emergentes foi mais volátil. O dólar subiu aqui, na China e no Chile, enquanto caiu no México e despencou na Turquia. Ante o real, operadores veem um movimento de ajuste, com investidores realizando ganhos após as fortes quedas da divisa americana na sexta-feira e nos negócios de hoje de manhã, em nível mais intenso que os demais emergentes.
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O diretor de tesouraria de um banco observa ainda que, ao contrário das Bolsas, o mercado de moedas no mundo operou mais volátil hoje. Para ele, ao cair abaixo dos R$ 5,30, o dólar acabou atraindo “um pouco de compra”, com os riscos fiscais permanecendo no radar como um fator a manter o câmbio pressionado. Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão disse acreditar que o Orçamento não deve ser votado este ano, com o Brasil correndo o risco de ter o rating soberano rebaixado.
“A solução para nosso dilema fiscal não apareceu ainda”, disse o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, em live nesta tarde, ressaltando que o governo ainda não explicou com pretende financiar em 2021 seus programas sociais. “O risco fiscal deve ficar com a gente por mais tempo.” Sobre a relação do Brasil com a Casa Branca no governo de Biden, Mesquita disse que ela ultrapassa a relação pessoal dos governantes.
“A relação dólar/real é uma questão fiscal”, destaca o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo. Se o Brasil fizer as reformas e mantiver o teto, a moeda americana cai. “O que está gerando toda a pressão sobre o real é o fato de que existe enorme incerteza sobre a dívida brasileira, é a questão fiscal”, disse em live hoje. Para Camargo, existe enorme incerteza sobre se o Brasil vai conseguir uma trajetória de equilíbrio fiscal, pois gastou muito na pandemia. Na hora em que essa incerteza diminuir, o real se valoriza. Nas contas da Genial, o real deveria estar abaixo de R$ 5,00, entre R$ 4,80 a R$ 4,90, levando em conta os fundamentos da economia brasileira.
O mercado mundial de moedas pode ter reprecificação importante após os testes positivos da vacina da Pfizer e outros que estão por vir, observa o Deutsche Bank. “Os resultados de eficácia da Pfizer são significativamente melhores do que a do cenário-base do mercado, e os ativos de risco devem, portanto, reavaliar materialmente”, afirma o estrategista do banco alemão, Robin Winkler, em relatório.
Por Altamiro Silva Junior
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