Mercados

Juros fecham em alta, alinhados ao aumento da aversão ao risco no exterior

O mercado de juros acompanhou a dinâmica dos demais ativos, com taxas em alta durante toda a sessão. O clima de cautela no exterior foi intensificado por aqui em função do feriado de Finados na segunda-feira, quando a B3 estará fechada e os negócios transcorrem normalmente lá fora. Além dos receios com a segunda onda de Covid no hemisfério norte e da expectativa com a eleição americana na terça, houve reação negativa hoje a balanços e alertas de empresas de tecnologia. A curva teve ganho de inclinação tanto em relação a quinta-feira quanto na semana, mas, num mês marcado por forte pressão sobre os vértices curtos e intermediários, fechou outubro menos empinada em relação aos níveis do fim de setembro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,46%, de 3,435% no ajuste anterior e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 4,976% para 5,05%, pico desde 27 de abril (5,59%). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,78%, de 6,715% no ajuste anterior e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 7,504% para 7,57%. No fim de setembro, o spread entre os vencimentos de janeiro de 2027 e janeiro de 2022 estava em 443 pontos e nesta sexta fechou outubro em 411 pontos. Na última sexta-feira, o diferencial era de 399 pontos.

O efeito do comunicado do Copom, que na quinta colocou as taxas para baixo, nesta sexta se esvaiu, com os negócios bem mais sensíveis ao cenário internacional. “Temos essa inclinação hoje muito ligada ao exterior. Estamos num nível tal de estresse que já não é possível olhar a curva de forma exclusiva”, disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier. Até porque nesta sexta-feira, a exemplo dos últimos dias, o noticiário sobre reformas seguiu esvaziado e a agenda de indicadores, mesmo com a piora no mercado de trabalho apontada na Pnad Contínua, foi relegada a segundo plano.

A cautela antes do fim de semana prolongado ampliou a postura defensiva, na medida em que o investidor não quer ficar exposto ao risco até a reabertura dos negócios na terça, que será marcada pela divulgação da ata do Copom logo cedo e eleição nos EUA. “É grande o risco de ter novidades na Europa e nos Estados Unidos na segunda-feira e não poder operar Brasil”, destacou Xavier.

O Banco Fator, em relatório, destaca que o retorno da inclinação da curva de juros no “day after” do Copom foi eloquente. “Sabe-se que o ponto crítico é o ‘regime fiscal’. Considerando-se que, na hipótese mais favorável às reformas, alguma coisa seja aprovada em janeiro, nada terá significado para o mercado se o teto de gastos ficar ameaçado. Sem ele, não há por que criar gatilhos, receitas novas”, afirma o banco, que tem José Francisco Lima Gonçalves como economista-chefe.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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