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Mesmo com alta de preços de alimentos, Copom mantém Selic em 2% ao ano

Com a economia brasileira ainda no início da recuperação, em meio à pandemia de covid-19, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 28, por unanimidade, manter a Selic, a taxa básica de juros, em 2% ao ano. É a segunda vez que a Selic não sofre alteração, após nove cortes consecutivos. A taxa está no piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

Com a Selic a 2% ao ano, o Brasil segue com juro real (descontada a inflação) negativo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está em -0,75% ao ano. O País tem o 12º juro real mais alto do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.

A decisão desta quarta era largamente aguardada pelo mercado financeiro. De um total de 51 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam pela manutenção da Selic em 2% ao ano. Todas elas também projetam que a taxa básica encerrará 2020 no atual patamar.

A alta nos preços dos alimentos em setembro fez a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), disparar.

No mês passado, a inflação somou 0,64%, o maior patamar para o mês desde 2003. No começo de outubro, o IPCA avançou para 0,94%, a maior taxa para o período em 25 anos.

No entanto, embora a inflação esteja crescendo nos últimos meses, a previsão mais recente dos economistas dos bancos é de que o índice fechará o ano em 2,99% e em 3,10% no ano que vem. Com isso, a previsão é de que a inflação ficará abaixo da meta central de 4% em 2020 e em linha com os objetivos fixados para o ano que vem.

O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação. Para 2021, ano no qual o BC já passou a mirar as decisões, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.

As decisões sobre juros levam de seis a nove meses para ter impacto pleno na economia. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.

Na visão dos economistas dos bancos, a alta da inflação e a falta de clareza sobre o controle dos gastos públicos deverão levar ao aumento da taxa de juros em 2021.

De acordo com pesquisa realizada pelo BC na semana passada, o mercado financeiro prevê manutenção da taxa Selic no atual patamar de 2% ao ano até setembro de 2021.

A partir de outubro do ano que vem, entretanto, os economistas estimam início do processo de alta. Pelas estimativas, a taxa avançaria para 2,5% ao ano em outubro de 2021, para 2,75% em dezembro, para 3% ao ano em janeiro de 2022 e para 3,25% ao ano em março daquele ano.

Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues,

Estadão Conteúdo

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