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Juros fecham com viés de baixa, devolvendo parte da forte alta pós-IPCA-15

Os juros começaram a semana com viés de queda e à espera da agenda importante de eventos, que tem como destaque a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira. O mercado mantém o consenso de apostas em torno da manutenção da Selic em 2% e quer ver haverá algum ajuste na linguagem do comunicado em relação ao forward guidance, segundo o qual o Copom não pretende reduzir o grau de estímulo monetário se cumpridas determinadas condições.

As taxas chegaram a ter baixa mais firme pela manhã, mas perderam ritmo à tarde, alinhadas ao aumento da cautela global, por sua vez alimentada pelas preocupações com a segunda onda de covid-19 nos Estados Unidos e na Europa e redução nas perspectiva de fechamento de um acordo para o pacote fiscal norte-americano antes da eleição em 3 de novembro.

Após a forte alta das taxas na sexta-feira, em reação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de outubro, o mercado encontrou algum espaço para reduzir prêmios, num movimento técnico estimulado pela ausência de condutores fortes para os negócios.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 3,43%, de 3,475% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,92% para 4,88%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,60%, de 6,625% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2027 passou de 7,474% para 7,43%.

Na avaliação de profissionais, embora o mercado possa ter exagerado no ‘sell-off’ da sessão anterior, é fato que as estimativas para a inflação estão piorando, ainda que ainda não a ponto de ameaçar as metas, e num cenário fiscal desafiador. “A questão fiscal está batendo à porta em meio a um conjunto de pressões inflacionárias represadas, como visto no IGP-M”, disse o operador de renda fixa da Nova Futura André Alírio. Ele lembra que, enquanto o IGP-M pode fechar o ano com alta em torno de 20%, as projeções para o IPCA em 2020 estão perto de 3%.

Na avaliação Goldman Sachs, o prêmio embutido na curva após a reação negativa ao IPCA-15 deixou os retornos interessantes para aplicar, na medida em que o banco vê a ancoragem das expectativas abaixo das metas como sinal de que a precificação de altas para a Selic pode estar superestimada. “Mantemos nossa recomendação de venda no DI para janeiro de 2022”, afirma a instituição, em relatório.

Para quarta-feira, o mercado não vê alteração para o nível da taxa básica. Resta saber se haverá alguma mudança na comunicação diante da piora das estimativas de inflação e falta de solução para o financiamento do Renda Cidadã em 2021, o que mantém em risco a regra do teto de gastos, a despeito da defesa do mecanismo feita pelas autoridades nas últimas semanas.

Para o Banco Fibra, o Copom não deve alterar o forward guidance, mas sim retirar do comunicado a referência a “espaço remanescente” para utilização da política monetária. “A despeito dos atuais ruídos, é muito prematuro o comitê alterar a prescrição dado que não houve efetivamente alteração do regime fiscal”, diz o relatório, assinado pelo economista-chefe Cristiano Oliveira.

Por Denise Abarca

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