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Dólar cai na semana, mas fecha sexta em alta com impasse nos EUA e indicadores

O dólar teve uma semana de fortes oscilações, mas terminou a sexta-feira não muito distante do que começou a segunda, na casa dos R$ 5,60. A razão é que os assuntos monitorados de perto pelos investidores, a questão fiscal doméstica e o pacote de estímulos dos Estados Unidos, não tiveram desdobramentos concretos nos últimos dias. Com isso, faltam catalisadores capazes de guiar a moeda americana em direção mais firme ante o real, seja para baixo ou para cima, ressaltam profissionais das mesas de câmbio.

Na semana, a divisa americana termina acumulando leve queda de 0,25%, após subir 2% na anterior. Em outubro, acumula alta de 0,20%.

Nesta sexta-feira, além do impasse nas negociações sobre o pacote de estímulos nos EUA, a surpresa com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de outubro, que superou as expectativas, e números da balança de transações correntes abaixo do esperado, entre eles o investimento externo direto no Brasil, acabaram ajudando a pressionar o câmbio. Com isso, o real teve desempenho pior que outras moedas emergentes ante a divisa americana.

No fechamento, o dólar à vista terminou o dia em alta de 0,63%, a R$ 5,6295.

No mercado futuro, o dólar com liquidação para novembro subia 0,62%, aos R$ 5,6290.

“O dólar mostrou esta semana que apesar da volatilidade, não tem motivo para andar ou para voltar”, ressalta o assessor da Alta Vista Investimentos, Orlando Bachesque.

Ele observa que permanecem as dúvidas sobre a questão fiscal do Brasil, incluindo quais serão as fontes de financiamento do novo programa social do governo.

Nos Estados Unidos, sabe-se que um pacote de estímulos virá, mas não se sabe se isso ocorrerá antes ou depois das eleições, em 3 de novembro. Assim, o dólar não se distanciou muito da casa dos R$ 5,60, apesar das oscilações. Nos últimos dias, teve mínima semanal a R$ 5,54 e máxima a R$ 5,64.

“Enquanto não vem o pacote de estímulos, o dólar fica oscilando”, diz Bachesque, ressaltando que no Brasil, o risco fiscal segue presente e no radar dos investidores.

No pregão específico desta sexta-feira, o executivo destaca que a aceleração da inflação, de 0,45% em setembro para 0,94% este mês, e o superávit na conta corrente em setembro (US$ 2,3 bilhões) menor que o esperado ajudaram a pressionar o câmbio.

Mas mesmo com pressão dos preços, o economista-chefe para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson, espera alta dos juros apenas em 2022, embora reconheça que parte dos analistas vê chance de os juros subirem no ano que vem.

Ele destaca que a aceleração da inflação é concentrada nos alimentos. Nesse ambiente de juros nas mínimas históricas e risco fiscal alto, ele projeta que o real vai seguir desvalorizado, com o dólar em R$ 5,30 ao final deste ano, R$ 5,00 em 2021 e R$ 5,50 em 2022.

Por Altamiro Silva Junior

Estadão Conteúdo

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