O ex-governador Márcio França (PSB) participou nesta quarta-feira, 21, da série de sabatinas da Rádio Eldorado com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Na conversa, o ex-governador disse que a discussão sobre a vacinação compulsória contra covid-19 é precipitada e acusou os seus oponentes de politizar a questão por estarem amarrados a eventuais candidaturas presidenciais de 2022.
“Fica parecendo que é uma discussão ideológica porque dá a impressão de que é contra o Bolsonaro ou o Lula. Aqui em São Paulo, a eleição é de prefeito, não é eleição de presidente. Esses caras, cada um deles, os candidatos principais, estão amarrados na candidatura de presidente”, afirmou França. “Um que apoia o presidente que quer voltar, outro que apoia o presidente que quer ficar e o terceiro que apoia o governador que quer ser presidente”, disse, em referências ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – cabo eleitoral de Jilmar Tatto (PT) e próximo de Guilherme Boulos (PSOL) -, ao presidente Jair Bolsonaro – que apoia Celso Russomanno (Republicanos) – e o governador João Doria (PSDB), aliado do atual prefeito tucano Bruno Covas.
“Isso é contar com o ovo antes da galinha”, afirmou, sobre a discussão da vacina contra o coronavírus. “Chega a ser engraçado, é o quarto prazo que o governador da para fazer essa vacina. Se tem uma vacina, é bom que todo mundo tome. Mas você não consegue ir de casa em casa obrigando as pessoas a tomar”, disse. França aproveitou a ocasião para defender a ideia de que famílias religiosas não podem ser obrigadas a tomar vacina, noção rechaçada por especialistas em saúde e que encontra decisões contrárias na Justiça.
Ao longo da entrevista, o candidato também explicou a sua intenção de contratar pessoas para ocupar apenas 70 dos 7 mil cargos de livre nomeação disponíveis na Prefeitura, com o fim de poupar R$ 750 milhões da verba prevista no orçamento do ano que vem. Uma parte desse dinheiro seria então usada para abrir postos de saúde e escolas da rede pública aos finais de semana, feriados e férias. Ele afirmou que cada cargo de livre nomeação custa em torno de R$ 10 mil por mês à Prefeitura, que é o valor do salário, mais encargos.
“Nomeando só 70 pessoas, no lugar das 7 mil possíveis de livre provimento, nós vamos ter aí uns R$ 750 milhões que vão estar disponíveis porque estavam previstos no orçamento para serem gastos. E aí, não sendo gasto, você usa esse recurso para fazer a outra parte, que é abrir as unidades”, afirmou. “Aqui em São Paulo, nós estamos com 1,3 milhão de pessoas esperando exame, consultas e pequenas cirurgias. Só de traumatologia tem 130 mil pessoas esperando. E as crianças da rede pública não estão tendo aula remota.”
França também alegou que o seu plano de pagar uma renda municipal a moradores da cidade “difere totalmente” de planos semelhantes propostos por outros seis candidatos.
“Nós propomos uma grande frente de trabalho, que serve como uma renda básica”, afirmou. “Em São Paulo estamos com 10 milhões de adultos e 2,7 milhões estavam recebendo os R$ 600, que agora são R$ 300.”
Ele afirmou que, caso eleito, 150 mil adultos e 40 mil jovens de 18 anos serão empregados pela Prefeitura para fazer serviços como limpeza, manutenção de praça, ajuda em creches. Eles trabalhariam seis horas por dia durante três dias da semana em troca de R$ 600 enquanto os jovens trabalhariam quatro horas por dia. Nos outros dois dias da semana, eles seriam treinados em cursos de qualificação.
“De onde vai sair esse dinheiro? Um pedaço vai sair da sobra do que é economizado com cargos em comissão”, afirmou. Ele disse ainda que o “pedaço mais consistente” da verba sairá do R$ 1,7 bilhão que está em contas de Organizações Sociais que fizeram convênios com a Prefeitura e que cujos contratos não foram auditados. “A Prefeitura não auditou e não requereu de volta o dinheiro”, disse.
Por Paula Reverbel
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