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Brasil é o segundo país que mais aceitaria vacina, diz estudo

Estudo publicado na revista Nature revela que 85,3% dos brasileiros estão dispostos a se vacinar contra a covid-19 se “um imunizante comprovadamente seguro e eficaz estiver disponível”. O porcentual brasileiro de aceitação é o segundo mais alto do mundo. Fica atrás apenas do da China, onde chega a 88,6%. A informação foi divulgada um dia após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que uma futura vacina contra a doença não será obrigatória no País. Nesta quarta, 21, o mandatário também descartou comprar o imunizante chinês. Contestou o que adiantara, na véspera, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

O levantamento divulgado na Nature envolveu especialistas dos Estados Unidos e da Europa. Eles analisaram as respostas de 13,4 mil pessoas nos 19 países mais atingidos pela pandemia. O objetivo era descobrir qual seria a potencial hesitação global diante de uma vacina. Os números gerais mostram que 72% dos entrevistados aceitariam o imunizante. Os demais 28% o recusariam ou hesitariam em tomá-lo.

Para os especialistas envolvidos, esse porcentual de hesitação é alto diante de uma emergência global de saúde do porte da covid-19. Sobretudo se o percentual de proteção oferecido pela vacina for baixo.

Hoje, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem mais de cem potenciais vacinas contra a covid-19 em desenvolvimento em todo o mundo. Muitas estão em fase final de testes em seres humanos e são pré-negociadas com vários países, inclusive o Brasil. Diante de uma segunda onda da infecção já assolando a Europa, um imunizante eficaz é considerado a maior esperança no combate ao novo coronavírus. Mas ele precisa ser aceito pela população.

“Será uma tragédia se conseguirmos desenvolver uma vacina segura e eficiente, e as pessoas se recusarem a tomá-la. Precisamos desenvolver um esforço robusto e sustentado para lidar com essa hesitação em relação à vacina e restaurar ar confiança do público no benefício das imunizações para as famílias e as comunidades”, alertou Scott C. Ratzan, co-autor do estudo, da Escola de Saúde Pública e Políticas Públicas da Universidade de Nova York (EUA). “Nossas descobertas são consistentes com pesquisas recentes nos Estados Unidos, que mostram uma redução da confiança do público em uma vacina contra a covid-19.”

O porcentual mais baixo de resposta positiva para a vacina foi detectado na Rússia: 55%. Nos Estados Unidos, 76% dos entrevistados afirmaram que tomariam o imunizante.”Esse porcentual do Brasil não é uma surpresa. Vários outros estudos já mostraram a mesma coisa”, afirmou a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai. “O brasileiro confia em vacina, entende que a vacinação é importante.”

Segundo Isabella, dados recentes de baixa cobertura vacinal no País teriam outras explicações.”Só a confiança no imunizante não faz a pessoa se vacinar. Ela precisa ser informada, ter acesso, ser lembrada. Esses são os fatores principais quando falamos em baixa cobertura na América Latina”, explicou a especialista. “Agora, se continuarmos com essa guerra política, essa desinformação, a vacina de um país contra a vacina de outro país, isso tudo que está acontecendo, leva à desconfiança sobre a vacina. É fundamental que a população tenha confiança nas autoridades públicas, elas não podem estar brigando.”

Um dos coordenadores do estudo, Ayman El-Mohandes, da Escola de Saúde Pública e Políticas de Saúde da Universidade de Nova York, defendeu a necessidade de “aumentar a confiança na vacina”. Ele também afirmou ser necessário expandir a “compreensão das pessoas sobre o quanto um imunizante pode controlar a disseminação da covid-19 em suas famílias e suas comunidades”.

Na atual pandemia, o ideal seria que os países conseguissem obter a mais alta cobertura vacinal possível contra a covid-19. Como nenhuma vacina foi aprovada, não se sabe ao certo qual será a eficácia do imunizante; ou seja, ele pode proteger um porcentual pequeno de pessoas. Já há candidatas a vacina na fase final de testes, como os da parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã, de São Paulo, e o do projeto da farmacêutica AstraZeneca com a Universidade de Oxford, do Reino Unido.

Por Roberta Jansen

Estadão Conteúdo

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