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Instituto une dermatologia e estética em pesquisas voltadas a pessoas com câncer

Aliar a prática com forte evidência científica. Unir duas paixões: o atendimento clínico com o serviço estético. Foi a partir dessas premissas, mas sem ter encontrado os estudos apropriados, que a dermatologista Simone Stringhini idealizou o Instituto Lilás, que é lançado nesta segunda-feira, 19, com sede no Rio de Janeiro.

A organização sem fins lucrativos é apresentada no Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama com a proposta de desenvolver ciência e disseminar informações sobre os cuidados com a pele de pessoas com câncer.

Há 30 anos, a médica atua na área clínica e há 20, na dermatologia estética. Logo quando começou neste segundo campo, ela percebeu que os tratamentos iam além do que se podia ver nos rostos. “Não era só tirar rugas, tinha um impacto na vida do paciente, que às vezes vinha passando por um problema e quando começava a trabalhar a beleza, tinha um resgate da autoestima, voltava a se cuidar e melhorar a saúde como um todo”, diz.

Mais recentemente, Simone começou a receber no consultório pessoas que estavam ou tinham passado pelo tratamento de um câncer, a maioria mulheres com tumor na mama. “Comecei a estudar essa área, o que acontecia na pele deles e comecei a me deparar com o primeiro obstáculo que é não ter estudo. Tem estudo sobre o câncer, os efeitos de complicações do tratamento, mas não tem estudo da pele do paciente enquanto faz tratamento oncológico e comecei a ter muita dificuldade”, conta a médica.

Foi a partir daí que ela pensou em realizar o sonho de juntar as duas áreas, terapêutica e estética, investindo na necessidade de buscar mais conhecimento. Por consequência, a médica atingiria outra satisfação: ver as pessoas que a procuravam ter uma melhor saúde e autoestima. Dessa forma, o Instituto Lilás foi projetado para inovar em pesquisas no segmento de oncodermatologia estética.

Simone conta que o nome da organização surgiu a partir de reuniões para elaboração do projeto. “A ideia era ter nome representativo, bonito, e o lilás vem das campanhas dos dois maiores cânceres, outubro rosa e novembro azul.”

Os efeitos do tratamento oncológico na pele

A quimioterapia engloba diversas classes de medicamentos que podem ter efeitos colaterais leves ou fortes. Essas substâncias agem contra as células cancerígenas, que se multiplicam muito rápido, mas as saudáveis com essa mesma característica acabam sendo afetadas também. Por isso, algumas consequências do tratamento são queda de cabelo, unhas frágeis e pele ressecada, cujas células se dividem em velocidade alta. Já a radioterapia pode ter resultados ainda mais graves, podendo levar à suspensão das medicações contra o câncer.

“O paciente, quando tem diagnóstico do câncer, é claro que o foco é tratar a doença, mas um dos órgãos que o tratamento mais afeta é a pele e essa área é meio que esquecida”, diz a dermatologista. Ela ressalta que os efeitos colaterais na aparência dos pacientes têm forte impacto na autoestima deles e, consequentemente, nos resultados do tratamento. Se eles estão de bem consigo, a tendência é que o corpo reaja de forma mais positiva.

Simone explica que, atualmente, os produtos utilizados para cuidar da pele machucada devido ao tratamento oncológico não são específicos. Embora sejam destinados a peles sensíveis, ainda restam dúvidas sobre se a resposta às intervenções será a mesma de uma pele de quem não tem câncer. No caso de quem já fazia algum tipo de acompanhamento dermatológico e é diagnosticado com tumor, a orientação é interromper os procedimentos.

Ciência, informação e autoestima

É diante desse cenário de incertezas que a dermatologista aposta no Instituto Lilás como um espaço para desenvolvimento de pesquisas e avanço na ciência oncodermatológica e estética. Por meio de parceria com uma empresa de tecnologia, a organização começará os primeiros estudos com técnica de laser para pacientes com câncer.

Os trabalhos serão desenvolvidos com base no que já existe de publicação científica e na experiência de Simone. A intenção é que outros órgãos de pesquisa e empresas se aliem à causa para desenvolver testes clínicos e produtos específicos para esse público. “Mas não adianta só fazer pesquisa e ter publicação, que é importante para os médicos. Queremos levar informação para o público geral”, afirma a médica, que acredita no poder dessa informação para resgatar a autoestima de todos.

Por Ludimila Honorato

Estadão Conteúdo

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