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Dólar cai a R$ 5,60 com expectativa por pacote nos EUA

O dólar reduziu o ritmo de queda perto do fechamento, voltando a encostar em R$ 5,60. Relatos pelas agências internacionais de dificuldades nas negociações em Washington sobre um pacote de estímulo fiscal trilionário, um dia antes do prazo final dado pelos democratas, ajudaram a fortalecer o dólar na tarde de hoje, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos anunciaram novas sanções à China por ligações com o Irã. No mercado doméstico, o governo brasileiro voltou a reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal nesta segunda-feira, o que ajudou a retirar pressão do câmbio. O real foi a moeda com melhor desempenho no mercado internacional nesta segunda-feira, considerando as 34 divisas mais líquidas.

No fechamento, o dólar à vista fechou em queda de 0,71%, cotado em R$ 5,6032. No mercado futuro, o dólar para novembro cedia 0,81%, a R$ 5,6035 às 17h.

O dólar operou em queda durante todo o dia, chegando a cair na mínima a R$ 5,56 no início da tarde. A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, deu ontem prazo de 48 horas para se chegar a um consenso sobre o pacote de estímulo, ou ele ficará para depois das eleições. No mercado de moedas, a declaração ajudou a fortalecer as divisas de emergentes, pois estimulou a busca por ativos de risco. No final da tarde, em conversas com a bancada democrata Pelosi falou em progressos nas negociações, mas relatou diferenças a resolver.

Para a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza, a ação de Pelosi parece ser a última tentativa de aprovar o pacote antes das urnas, mas as divergências de valores sobre a ajuda fiscal entre democratas (US$ 2,2 trilhões), republicanos (US$ 1,8 trilhão) e o próprio Donald Trump, que fala em valores maiores que o defendido pelo seu partido, dificultam uma aprovação agora. Outro fator a impor cautela entre os investidores, destaca a economista, é o crescimento de casos de coronavírus no mundo, que superaram 40 milhões, com aceleração rápida na Europa, que vem batendo recordes diários e impondo novas restrições sociais.

No mercado doméstico, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltaram a falar hoje do compromisso em não gastar mais que o teto permite e que no ano que vem a situação fiscal começa a melhorar, com a retirada das medidas extraordinárias para lidar com a pandemia. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também reforçou no final de semana o compromisso em não prorrogar o estado de calamidade para 2021, além de respeitar o teto. Como ressalta um diretor de tesouraria, as declarações agradaram, mas é preciso mais que a retórica neste momento, pois os investidores querem mais clareza sobre o Orçamento para 2021, o que só deve ocorrer após as eleições. Por isso, os ativos domésticos não devem se distanciar muito dos níveis vistos nos últimos dias, no caso do dólar, o nível de R$ 5,60.

Por Altamiro Silva Junior

Estadão Conteúdo

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