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Real contraria exterior e se deprecia com fiscal no radar

O dólar abriu a sexta-feira em queda moderada e de pouca convicção. Assim, logo depois da abertura, virou e passou a exibir alta. Nas máximas, perto das 9h26, o dólar à vista foi vendido a R$ 5,6379 (+0,24%) e o futuro a R$ 5,640 (+0,43%) .

A volatilidade na abertura resulta da pressão positiva vinda do exterior – onde o dólar cai perante a maioria das pares do real e as bolsas sobem – e da pressão negativa com o cada vez mais claro desajuste fiscal somado à falta de perspectivas sobre a condução das contas públicas e à inflação alta no atacado. No câmbio, a sessão poderia ser pautada por algum ajuste para baixo na cotação visto que a moeda americana encerrou as últimas três sessões em alta perante o real.

Sobre a inflação, hoje cedo, a FGV divulgou mais um resultado que surpreendeu a todos. O IGP-10 de outubro veio acima do teto das estimativas dos analistas do mercado financeiro, ouvidos pelo Projeções Broadcast, do sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A alta foi de 3,20%, sendo que o teto era de 3,02%.

A sexta-feira tem divulgações de dados americanos que serão monitoradas, com varejo e produção industrial, e também a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento virtual do Goldman Sachs. O evento é fechado à imprensa. Da apresentação de Campos Neto, é esperada alguma nova sinalização sobre o cenário atual e a disposição de atuação num momento em que a gestão da dívida pública preocupa e o Tesouro Nacional, de novo, enfrentou uma demanda bastante reduzida em relação à oferta de LFTs, como observado no leilão de ontem. Como mostra manchete do Estadão de hoje, o Tesouro terá de pagar fatura de R$ 643 bilhões em dívidas que vencem entre janeiro e abril de 2021.

No exterior, os índices acionários se recuperam, após três dias de perdas em NY em meio ao impasse do novo pacote de estímulo fiscal e das frustrações com o andamento do acordo pós-Brexit. Mais cedo, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, criticou a intransigência da União Europeia (UE) na construção de um acordo comercial entre as partes e disse que, se o restante do continente não voltar atrás, a única saída para seu governo é se preparar para uma separação sem pacto.

As bolsas da Europa sobem hoje por conta dessa recuperação circunstancial dos preços e também por conta de dados positivos da balança comercial na zona do euro. Investidores também se apegam a notícias sobre vacina contra covid-19. A alemã BioNTech SE espera ter dados sobre a eficácia da vacina já no fim deste mês.

Por Karla Spotorno

Estadão Conteúdo

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