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Juros fecham em queda em reação à ação entre BC e Tesouro e clima político

Os juros futuros fecharam o dia em queda. A curva de juros começou a semana perdendo inclinação, com as taxas de longo prazo em queda mais firme do que as demais, a despeito da pressão no câmbio e da aversão ao risco nos mercados internacionais. O alívio é atribuído ao que os profissionais nas mesas de operação classificam como uma certa distensão no risco político, embora o fiscal siga preocupante, não havendo no fim de semana prolongado nada de negativo no noticiário de Brasília. Além disso, a reação dos agentes às medidas conjuntas anunciadas pelo Banco Central e Tesouro na sexta-feira à noite foi bastante positiva, atraindo vendedores para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 4,60%, de 4,675% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2022 ficou estável em 3,23%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,554% para 6,43%. A do DI para janeiro de 2027 recuou de 7,534% para 7,38%.

A decisão do Banco Central de fixar um limite máximo de R$ 600 bilhões a ser aceito no leilão de rolagem da operação compromissada com vencimento em 29 de outubro, ante um valor financeiro de retorno estimado em R$ 81 bilhões, foi bem recebida pelos agentes. É a operação que vence um dia depois da próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Assim como também a do Tesouro, de trocar a oferta de LFT 1/3/2023 pela LFT 1/3/2022 nos leilões semanais e de passar a ofertar NTN-B para 15/5/2023 em quatro leilões extras até o fim do ano.

A expectativa é de que, com a medida do BC, a liquidez de R$ 381 bilhões, ou ao menos parte dela, possa migrar para o mercado de títulos, distensionando prêmios e elevando a demanda pelos papéis, especialmente de longo prazo e LFT. Ainda que a demanda siga concentrada nos vencimentos curtos, a decisão é considerada acertada diante da elevada necessidade de financiamento do Tesouro. “As medidas poderão trazer alívio ao mercado de renda fixa no curto/médio prazo, mas com a ausência da âncora fiscal essa medida poderá tornar paliativa e o problema retornar”, afirma relatório da Renascença DTVM, assinado pelo estrategista Fernando Cevi Ferez.

Além da mudança nas compromissadas e no cronograma dos leilões, o mercado de juros também refletiu um ambiente político menos estressado. “Embora sem fatos concretos no fim de semana e feriado, o clima é um pouco melhor, de comprometimento com o fiscal e fortalecimento do ministro Paulo Guedes após o estresse com a questão dos precatórios”, disse o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga. Na avaliação dos profissionais, Guedes saiu prestigiado do episódio envolvendo o ministro do Desenvolvimento, Rogério Marinho.

Contato: denise.abarca@estadao.com

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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