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BCE ainda tem munição, mas euro forte limita espaço de atuação, diz Guindos

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou nesta quinta-feira que a autoridade monetária da zona do euro ainda tem munição para combater a crise econômica trazida pelo novo coronavírus. “Temos margem para ajustes em nosso programa de compras de ativos”, destacou, durante “live” promovida pelo portal El Economista. Por outro lado, ele ponderou sobre o espaço para atuação do BCE em um contexto de fortalecimento do euro no exterior. “A taxa de câmbio afeta indiretamente nossa reação à crise, mas não há ‘linha vermelha’ para escalada da moeda”, disse.

Há algum tempo circula no mercado que dirigentes do BCE estariam incomodados com a cotação do euro e os impactos disso no processo de recuperação econômica. A presidente da autoridade monetária, Chrstine Lagarde, porém, sempre ressalta que a autarquia não tem uma meta de taxa de câmbio de forma a afastar rumores de eventual atuação do banco central local para conter o fortalecimento da divisa comum.

Guindos ainda alertou, durante o evento, que o BCE não pode deixar que as crises sanitária e econômica trazidas pela pandemia do novo coronavírus se tornem uma crise de dívida. Por outro lado, ele defendeu os estímulos fiscais e monetários sem precedentes que têm apoiado o processo de recuperação da atividade global.

Estabilização de mercados

A dirigente do BCE Isabel Schnabel afirmou nesta quinta que as ações emergenciais adotadas pela autoridade monetária da zona do euro durante a pandemia foram bem-sucedidas em estabilizar os mercados afetados pela turbulência, monitorando os efeitos na inflação. “Nossas previsões continuaram claramente visíveis e as mais recentes indicam que a inflação pode ser de 1,3% em 2022, incluindo as ações adotadas”, afirmou.

A meta de inflação estabelecida pelo BCE, porém, é de “pouco abaixo de 2%”. A projeção de inflação de 1,3% em 2022 já havia sido feita pela presidente da autoridade, Christine Lagarde.

De acordo com Schnabel, as medidas fiscais ajudaram a mitigar efeitos nos preços do mercado e o dinheiro gasto também deve apoiar a futura geração. As ações fiscais e monetárias, em suas palavras, foram complementares de forma efetiva nesta pandemia. “Os mercados têm se mostrados resilientes à crise”, opinou a dirigente. Por outro lado, ela alertou para a possibilidade de reprecificação dos ativos, caso a conjuntura se altere.

Por Eduardo Gayer e Aline Bronzati

Estadão Conteúdo

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