O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 7, que a retomada econômica após a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus será feita “com tecnologia”. Segundo ele, era importante acelerar no Brasil o processo tecnológico.
Em função disso, o BC optou por não adiar projetos importantes na área, como o lançamento do PIX – o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos – e do open banking – o sistema de compartilhamento de informações bancárias de clientes. Ambos serão lançados neste fim de 2020. “O PIX é um avanço importante”, disse Campos Neto em entrevista à rádio Jovem Pan. “A pessoa passará a ter uma identidade digital.”
Questionado sobre a possibilidade de o governo adotar um imposto que recaia sobre as transações financeiras, o que poderia englobar o PIX, Campos Neto lembrou que costuma evitar comentários sobre temas tributários. “Impostos sobre transações financeiras independem do PIX”, afirmou. Segundo ele, caso um tributo deste tipo seja adotado, ele iria incidir sobre quaisquer transações financeiras – e não apenas sobre as instantâneas.
Campos Neto também fez uma análise a respeito da desvalorização do real ante o dólar. Segundo ele, um dos fatores para a perda de valor da moeda brasileira é o “ruído todo que vem do fiscal”.
Na entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente do BC defendeu em vários momentos a ideia de que o controle fiscal é importante para garantir a imagem de credibilidade do Brasil no exterior. “O Brasil tem capacidade enorme de se reinventar e crescer”, afirmou. “O que nós precisamos é de credibilidade. Há estrangeiros que querem investir no País.”
Ao analisar os movimentos mais recentes do câmbio no Brasil, Campos Neto lembrou que, com a queda da Selic (a taxa básica de juros), muitas empresas decidiram trocar dívidas no exterior por compromissos no Brasil. Isso gerou um movimento de pagamento de dívidas em outros países – o que o BC vinha qualificando como “pré-pagamentos” -, o que contribuiu para elevar o dólar ante o real. Este fenômeno foi perceptível no segundo semestre de 2019.
Depois disso, conforme Campos Neto, surgiu um período em que todas as moedas de países emergentes se desvalorizaram, sendo que “o real um pouco mais”.
O terceiro ponto citado por Campos Neto foi justamente a questão fiscal, que coloca em dúvida a sustentabilidade da dívida no longo prazo e acaba por impactar o câmbio. Em 2020, sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus, o dólar à vista acumula uma alta de quase 40% ante o real.
Por Fabrício de Castro
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