A disparada do câmbio ao longo deste ano tem levado varejistas que trabalham com itens importados a fazer uma verdadeira ginástica para não perder vendas por conta da alta de preços. A conta tem sido sempre a mesma: é melhor abrir mão da margem de lucro do que ver o cliente, cada vez menos disposto a gastar, deixar de comprar.
No braço de importações do grupo St Marche, que abastece o mercado gourmet Empório Santa Maria e as lojas da rede de supermercados St Marche, por exemplo, a estratégia foi renegociar preços com fornecedores estrangeiros de vinhos e alimentos para conseguir atenuar o impacto da alta do dólar no bolso do consumidor.
“Conseguimos renegociar descontos entre 15% e 20% e, em alguns casos, baixamos a nossa margem”, conta Bernardo Ouro, responsável pelo Empório Santa Maria. A importação própria do grupo responde por cerca de 5% dos volumes vendidos nas lojas. Com esses descontos, Ouro diz que conseguiu manter os preços da maioria dos itens importados pela própria empresa no patamar de antes da pandemia, quando o dólar estava cotado a R$ 4,20.
Já nos itens estrangeiros que o grupo compra de importadoras – que representa 15% dos produtos da loja – a manutenção de preços não foi possível.
As importadoras renegociaram com fornecedores estrangeiros, mas aumentaram os preços em reais desses itens entre 15% e 25%, em média. “Na grande maioria dos produtos, não houve aumentos de 40%”, pondera o empresário. Esse porcentual equivale ao repasse integral da alta do câmbio.
Apesar das pressões de custos provocada pela alta do câmbio, Ouro está confiante no bom desempenho de vendas do Natal. Ampliou em 50% os volumes que importa por conta própria de vinhos, massas e azeites, na comparação com o ano passado. “As pessoas vão viajar menos este ano e celebrar o Natal em casa. Acreditamos que a venda de comida e bebida será muito forte”, conta ele.
Cliente de uma importadora de vinhos e azeites em Porto Alegre há mais de três décadas, o dono de restaurante Aguinaldo Barcelos, de 45 anos, diz que o dólar alto assusta na hora de planejar as compras do mês, sobretudo em um momento em que o horário de atendimento de seu estabelecimento ainda não foi normalizado após o relaxamento do isolamento social.
“Manter um negócio não é um processo barato. Nunca sobrou muito dinheiro, mas os últimos meses foram ainda mais difíceis para quem depende de movimento. Os clientes ainda não voltaram totalmente e precisamos pensar duas vezes antes de cada despesa.”
Ele conta que conseguiu negociar um aumento menor nas compras de vinhos e de azeite. Sabe que o fornecedor também teve de reduzir sua margem de lucro, mas que todos acabam fazendo sacrifícios em momentos de crise, como o de agora. “O raciocínio dele é o mesmo que eu tenho: se repasso tudo, fico sem vender. É melhor perder um pouco.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Márcia De Chiara e Douglas Gavras
O Brasil tem a oportunidade de ser referência em pagamentos internacionais, assim como já é…
Lideranças do agronegócio estão indignadas com a decisão do Carrefour de boicotar a carne do…
A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários…
A Gol Linhas Aéreas anunciou o lançamento de uma nova rota que liga Curitiba (PR)…
A concessão rodoviária do Lote Nova Raposo (São Paulo) vai a leilão na próxima quinta-feira,…
O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a…