Em dois meses, o presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher, completa 62 anos. É a idade-limite do estatuto para que um executivo permaneça à frente do maior banco privado do País. Até lá, os controladores da instituição financeira – Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, que dividem a presidência do conselho de administração – devem se debruçar sobre a escolha de um novo nome, que deverá ser anunciado até novembro. Bracher deverá passar o bastão ao sucessor em fevereiro, após um período de gestão conjunta, apurou o Estadão/Broadcast.
Como já indicou o próprio Bracher, seu sucessor deve vir do comitê executivo do banco. No grupo estão Caio David, diretor-geral de atacado; Marcio Schettini, diretor-geral de varejo; André Sapoznik, vice de tecnologia; e Milton Maluhy, vice-presidente de finanças. Os candidatos terão de passar pelo escrutínio do Comitê de Nomeação e Governança Corporativa.
Todos os candidatos ao cargo têm pontos fortes e, por isso, o mercado ainda evita fazer apostas. Ao contrário do atual presidente do Itaú, que só pôde ficar quatro anos à frente do banco, os candidatos são mais jovens. Schettini é o mais velho, com 56 anos, enquanto Maluhy é o mais jovem, aos 44 anos.
No cargo há quatro anos, Bracher substituiu Roberto Setubal. O executivo acompanhou Setubal em seu dia a dia por seis meses, como um “CEO aprendiz”. Foi assim que ele mesmo se intitulou, até assumir o cargo de fato, em abril de 2017. Dessa vez, a transição será mais curta e deverá três meses, disse uma fonte. A pedido do atual CEO, a troca acontecerá logo após a divulgação dos resultados de 2020, em meados de fevereiro.
O novo líder terá o desafio de gerir um banco que precisa aprofundar a transição digital – um desafio que deixará de ser transitório e passará a ser permanente, de acordo com fontes do mercado financeiro. Ao contrário do Bradesco, que criou um banco digital separado, a escolha do Itaú foi a de trazer as inovações para a marca Itaú.
Responsável pela área de renda variável da Eleven Financial, Carlos Daltozo diz que o próximo presidente do Itaú chegará em meio à consolidação do Pix – que facilita transações e transferências de recursos, ampliando o campo de atuação para os bancos digitais e instituições de menor porte – e ao open banking, que abre para o cliente de um banco a opção de investir em um produto de outra instituição financeira.
Outro desafio será o aumento da inadimplência previsto para o início do ano que vem, com o fim da extensão de prazos para pagamentos de débitos e o fim do auxílio emergencial, que pode achatar a renda das pessoas físicas. “Todo esse conjunto pode afetar os resultados”, afirma Daltozo.
Nova fase. De perfil discreto, Bracher vem se destacando como porta-voz em questões relacionadas à sustentabilidade, em especial no que tange às preocupações ambientais. Na semana passada, por exemplo, foi o único brasileiro a falar sobre Amazônia em evento da Organização das Nações Unidas (ONU).
Casado com uma ambientalista, Teresa Cristina Ralston Bracher, o executivo e sua família têm uma grande propriedade no Pantanal para a preservação ambiental. Ali mantêm, ainda, uma escola itinerante, destinada à população da região.
Bracher atua no mercado financeiro há cerca de 40 anos. Antes de assumir a presidência do Itaú Unibanco, comandava o Itaú BBA. Comprado pelo Itaú em 2002, o BBA foi fundado pelo pai de Candido, Fernão Bracher.
Procurado, o Itaú Unibanco não comentou o assunto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Fernanda Guimarães
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