Categories: Economia

Juros fecham em alta com indefinição de Renda Cidadã e oferta do Tesouro

Os juros futuros terminaram o dia em alta, após mostrarem o alívio na abertura dos negócios. As taxas passaram a subir a partir do momento em que o Tesouro divulgou a oferta de títulos prefixados para o leilão, acima do que o mercado esperava, mantidos ainda no pano de fundo os ruídos políticos em torno do financiamento do programa Renda Cidadã. A indefinição do governo sobre o uso de parte da receita destinada ao pagamento de precatórios tem emitido sinalização negativa para os agentes, de que há falta de consenso, o que deve prolongar ainda mais a espera pela definição sobre de onde virão as receitas para custear o programa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,12%, de 3,054% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 4,515% para 4,61%. O DI para janeiro de 2025 terminou como taxa de 6,53%, de 6,504% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 7,50%, de 7,484% ontem.

O mercado de juros chegou a ter um começo positivo, embalado pela melhora das estimativas sobre um acordo para o pacote fiscal nos Estados Unidos, mas que durou pouco. A oferta do Tesouro surpreendeu o mercado, que esperava uma postura mais contida, a exemplo do que foi a operação com NTN-B na terça-feira. Em termos de risco (DV01), a oferta de LTN e NTN-F na semana passada era de R$ 2,98 bilhões e hoje, R$ 4,5 bilhões.

A curva perdeu um pouco de inclinação, com as taxas de curto e médio prazo subindo mais do que as longas, mas segue ainda muito empinada na medida em que o governo vai postergando as soluções para o nó fiscal. Ontem, o ministro Paulo Guedes chegou a dar esperanças ao mercado ao dizer que não vê a receita dos precatórios como “saudável” para financiar o Renda Cidadã. Mas depois de uma reunião convocada de última hora no Palácio do Planalto ontem à noite, governistas e membros da equipe econômica silenciaram sobre o destino do programa. Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o governo “provavelmente” não usará recursos dos precatórios para custear o programa.

“A semana foi marcada por tanto vaivém que é difícil apontar um culpado pela desordem. Contudo, quando um grupo de pessoas demonstra tamanha incapacidade para coordenar esforços, o culpado geralmente se encontra no topo do organograma”, disseram os analistas da Guide, em relatório.

Felipe Sichel, estrategista-chefe do Modalmais, afirma que a curva está precificando que parte do desequilíbrio fiscal não será solucionado no curto prazo. “Não esta precificado descontrole fiscal absoluto, mas esse risco aumentou”, afirmou.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

Recent Posts

CMN aprova 9 resoluções para Plano Safra 2024/25

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou em reunião extraordinária nesta terça-feira, 2, nove resoluções voltadas…

2 horas ago

Zambelli chama Benedita de ‘Chica da Silva’ e reclama por não discursar em evento

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) chamou a também deputada Benedita da Silva (PT-RJ) de…

11 horas ago

Pedro Lupion: Queremos Plano Safra plausível e que atenda a demanda necessária do setor

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que…

13 horas ago

BNDES: Aprovações para Rotas de Integração chegam a R$ 3,2 bilhões

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou já ter aprovado R$ 3,2…

13 horas ago

Taiwan diz que guarda costeira chinesa deteve navio pesqueiro taiwanês e exige libertação

Taiwan disse que a guarda costeira chinesa abordou um barco de pesca taiwanês na terça-feira,…

14 horas ago

Obra mais atrasada de SP ganha ‘empurrão’ da CDHU para ser entregue até 2026

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), vinculada ao governo de São Paulo, assumirá…

14 horas ago