Categories: Política

Justiça anula sessão que abriu processo de impeachment contra Marchezan

Em nova reviravolta, a Justiça de Porto Alegre anulou nesta segunda-feira, 28, a sessão realizada pela Câmara Municipal que abriu o processo de impeachment contra o prefeito Nelson Marchezan Junior (PSDB), em 5 de agosto. Ao julgar o mérito, o juiz Cristiano Vilhaba Flores, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, apontou que os vereadores não poderiam ter votado a admissibilidade do processo antes de terem apreciado os projetos que tramitavam em regime de urgência e que trancavam a pauta de votações.

Nelson Marchezan é acusado de utilizar R$ 3,1 milhões do Fundo Municipal de Saúde em campanhas publicitárias que promoviam sua gestão em ano eleitoral. O prefeito nega as acusações e trata o caso como “factoide eleitoral”.

Conforme Vilhaba Flores, a Lei Orgânica de Porto Alegre é bastante clara em determinar que “a não apreciação de matérias de iniciativa do Poder Executivo Municipal, em que se tenha solicitado urgência, veda a apreciação de qualquer outro assunto em plenário, ou seja, até mesmo a deliberação sobre a abertura de processos de impeachment”. O magistrado já tinha concedido liminar suspendendo o processo até o julgamento do mérito, ocorrida nesta segunda-feira, 28.

Com isso, Marchezan, que tenta a reeleição, conseguiu suspender novamente o andamento da denúncia no Legislativo. Desde que notificou oficialmente o prefeito, em 11 de agosto, a Câmara passou a ter 90 dias para concluir o julgamento. “Sem apontar nenhuma ilegalidade, a pressa dos vereadores em me retirar da eleição, querendo escolher o resultado do pleito no lugar dos eleitores, acaba acumulando nulidades em um processo desarrazoado”, disse Nelson Marchezan ao Estadão.

Em função do inédito processo de impeachment, Porto Alegre vive um clima de incerteza jurídica às vésperas das eleições, marcadas para 15 de novembro.

Além de anular a sessão que abriu o impeachment, o magistrado também invalidou a sessão da comissão processante realizada em 28 de agosto, que votou pela continuidade ao processo. O juiz ainda autorizou o prefeito a arrolar 20 testemunhas de defesa, e não dez como exigia a Câmara. Entre os indicados está o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. A defesa busca comprovar que os valores empregados em publicidade para ações de saúde ocorreram dentro da normalidade.

Na próxima quinta-feira, 1º, o presidente da comissão processante, vereador Hamilton Sossmeier (PTB), pretendia dar início às oitivas das testemunhas. O processo deixou de correr na casa por quase um mês após uma série de liminares. No último dia 18, o Judiciário havia autorizado a retomada dos trabalhos no Parlamento.

Por Lucas Rivas, especial para o Estadão

Estadão Conteúdo

Recent Posts

Gol anuncia nova rota semanal entre Curitiba e Maringá

A Gol Linhas Aéreas anunciou o lançamento de uma nova rota que liga Curitiba (PR)…

4 horas ago

Governo de SP prevê R$ 1,3 bi em segurança viária para concessão da Nova Raposo

A concessão rodoviária do Lote Nova Raposo (São Paulo) vai a leilão na próxima quinta-feira,…

6 horas ago

Petróleo pode cair de US$ 5 a US$ 9 em 2025 com grande oferta e problemas da demanda

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a…

7 horas ago

Ministro pede que Aneel distribua bônus de R$ 1,3 bilhão de Itaipu para aliviar conta de luz

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, encaminhou na sexta-feira, 22, à Agência Nacional…

8 horas ago

Incorporadoras do Minha Casa Minha Vida vivem ‘fase de ouro’ e lucro somado sobe 143%

As incorporadoras que atuam no Minha Casa Minha Vida (MCMV) apresentaram resultados bastante positivos no…

8 horas ago

ABBC, Acrefi e Zetta divulgam manifesto contra PL 4.395, que altera regras do FGC

Três entidades financeiras que representam instituições de pequeno e médio portes divulgaram nesta sexta-feira, 22,…

24 horas ago