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BC/Rocha: houve aceleração do crescimento do crédito total em 12 meses até agosto

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, avaliou nesta segunda-feira, 28, que houve continuidade em agosto no crescimento do saldo de crédito para empresas e famílias. O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,9% agosto ante julho, para R$ 3,736 trilhões. Em 12 meses, houve alta de 12,1%. Em agosto ante julho, houve expansão de 1,5% no estoque para pessoas físicas e elevação de 2,4% para pessoas jurídicas.

“O crédito para as empresas continua mais dinâmico, puxando a taxa de crescimento do crédito total”, afirmou Rocha. “Houve aceleração do crescimento do crédito total em 12 meses até agosto (12,1%), com alta de 16,7% para empresas e 8,8% para as famílias”, completou.

Rocha destacou ainda que o saldo de crédito direcionado para pessoas jurídicas voltou a apresentar o primeiro crescimento em 12 desde junho de 2016. “Tivemos quatro anos de redução na taxa de crescimento em 12 meses do crédito direcionado para as empresas e tivemos em agosto uma taxa positiva de 2,5% para o período. Isso é causado pelos novos programas de crédito criados pelo governo durante a pandemia de covid-19”, explicou.

Fernando Rocha também destacou que o crescimento do crédito via dívida externa em agosto foi impactado pela desvalorização cambial no período.

O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro subiu 1,9% em agosto ante julho, para R$ 11,201 trilhões. O montante equivale a 155,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.

No caso específico de famílias e empresas, o saldo do crédito ampliado avançou 2,1% em agosto ante julho, para R$ 6,427 trilhões. O montante equivale a 89,4% do PIB.

Na dívida externa de famílias e empresas, o volume do endividamento em empréstimos externos cresceu 3,9% em agosto, enquanto o endividamento em títulos emitidos no mercado externo aumentou 4,9%. “Com a desvalorização de cerca de 5% no câmbio, houve um aumento no valor desse endividamento em reais”, completou Rocha.

Programas de crédito

O chefe do Departamento de Estatísticas disse, ainda, que programas de crédito lançados pelo governo durante a pandemia de covid-19 elevaram em 12,4% o saldo de crédito direcionado para as empresas na rubrica “outros” em agosto. “Esses programas aceleraram o crédito direcionado para pessoas jurídicas, que já vinham em uma ascendente”, comentou.

Rocha ressaltou ainda que as pessoas jurídicas voltaram a demandar operações de capital de giro com prazos mais longos. Em agosto, houve crescimento de 4,0% nos saldos de capital de giro com prazos acima de 365 dias.

“No começo da pandemia, vimos um crescimento expressivo das operações de capital de giro com menos de um ano de prazo. Muitas empresas correram para as linhas de curto prazo, prevendo um choque abrupto. Após o momento mais aguda da crise, os saldos nas operações de maior prazo voltaram a subir”, detalhou.

Cartão de crédito

Fernando Rocha disse ainda que, após a forte redução durante a pandemia de covid-19, houve uma alta de 5,9% no saldo do cartão de crédito à vista das famílias em agosto. Em termos de novas concessões, houve alta de 2,0% na modalidade no mês passado.

“Com a reabertura de diversas atividades, é natural que o uso do cartão à vista aumente. É claro que ainda não voltou a mesmo nível de janeiro, mas essa trajetória de retomada continua”, avaliou.

Rocha destacou ainda o crescimento de 7,0% no saldo de composição de dívidas em agosto, embora as novas negociações de dívidas tenham saído 16,8% no mês. “Os saldos continuam crescendo porque as concessões continuam acima do nível das amortizações. Mas essas concessões já estão menores que as registradas no segundo trimestre do ano, quando houve uma maior procura das pessoas pelos bancos”, completou.

Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Estadão Conteúdo

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