A Polícia Civil de Minas Gerais negocia a entrega do secretário de Obras da cidade de Patrocínio, Noroeste de Minas Gerais, Jorge Marra, suspeito de assassinar na tarde de quinta-feira, 24, o candidato a vereador na cidade Cássio Remis, de 37 anos. O contato para entrega do suspeito, que é irmão do prefeito do município, Deiró Marra, está sendo feito com integrantes da família, segundo o delegado regional da PC em Patrocínio, Valter André. A corporação pediu a prisão preventiva do suspeito, que pode sair ainda nesta sexta-feira, 25.
O veículo utilizado na fuga pelo suspeito, uma caminhonete, foi localizado em Perdizes, a 62 quilômetros de Patrocínio. Em seu interior foi encontrada uma arma, que pode ter sido a usada no crime. O veículo estava dentro da casa de um político local, que não teve o nome revelado, e que deverá ser investigado para apurar se ele ajudou na fuga do secretário.
O candidato a vereador foi morto no início da tarde de quinta-feira. Cássio Remis fazia uma live próximo a obras realizadas pela prefeitura na avenida em que fica o imóvel em que passaria a funcionar o comitê do prefeito pela reeleição. O candidato a vereador afirmava que as obras estavam sendo feitas pelo fato de o comitê estar localizado na região, e que se tratava de uso de equipamentos e servidores públicos a favor da candidatura do prefeito.
Durante a transmissão ao vivo, o secretário de Obras desce de uma caminhonete – que, segundo a Polícia Civil, não é a mesma localizada em Perdizes -, avança sobre o candidato e pega o celular utilizado na gravação, que parecia estar sobre um tripé. O assassinato ocorreu depois, próximo à secretaria de Obras, para onde Cássio Remis foi em busca do seu aparelho. Ao se encontrar com o secretário, foi alvejado por pelo menos quatro tiros, conforme a Polícia Civil.
Homicídio doloso por motivo fútil
Jorge Marra deverá ser indiciado por homicídio doloso por motivo fútil, acusação que pode dar até 30 anos de prisão. O delegado responsável pelas investigações, Renato Mendonça, afirmou não haver registro de discussões ou outros tipos de embates, mesmo na esfera política, entre o irmão do prefeito e o candidato a vereador. “A vítima era uma pessoa muito ativa na cidade. Fazia uma fiscalização que o cidadão faz em relação à prestação de serviços públicos”, disse Mendonça.
O suspeito de ter assassinado o candidato a vereador tinha registro de arma, que pode ser a utilizada no crime, mas não tinha porte. Ou seja, poderia ter uma arma dentro de casa, ou no local de trabalho, mas não nas ruas ou dentro de um veículo, conforme explicaram os delegados.
Até o momento foram ouvidas cinco testemunhas. O prefeito ainda não prestará depoimento. A Polícia Civil afirmou não ter, até agora, elementos que liguem ao prefeito a decisão do irmão de matar o candidato a vereador.
Segundo dos delegados, o prefeito e sua família passaram a receber ameaças desde assassinato de Cássio Remis, por telefonemas e pelas redes sociais. Parte já teve autores identificados pela Polícia Civil.
No fim da tarde de quinta, 24, o prefeito fez postagem nas redes sociais afirmando se tratar de uma tragédia que nunca teria sua aprovação. “Em toda a minha vida e em meu histórico de homem público sempre primei pelo diálogo e pelo debate, de forma democrática, tranquila e transparente, respeitando indistintamente todas as pessoas e adversários”, afirmou na postagem.
Por Leonardo Augusto, especial para o Estadão
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