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Para especialistas, alta de mortes em SP pode ser efeito de quarentena relaxada

A flexibilização da quarentena teve efeito direto na interrupção do cenário de queda de mortes pelo novo coronavírus no Estado de São Paulo, mas há outros fatores que influenciam no aumento das mortes, afirma Domingos Alves, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. “Essa queda se deu em um mês que teve cinco semanas seguidas de um feriado. Com esse excesso de fins de semana (em que geralmente o número de casos e óbitos é menor), o número diminui. É um retorno ao patamar em que se encontrava”, afirma. Nesta segunda-feira, 21, o Estadão mostrou que houve alta de mortes na última semana epidemiológica, após cinco semanas seguidas de queda.

O epidemiologista Eliseu Waldman, da Faculdade de Saúde Pública da USP, afirma que o processo de reabertura de alguns setores pode ter influência sobre a situação. A liberação das praias do litoral nas últimas semanas, no seu entender, foi feita sem nenhum cuidado.

“Nem sempre a população percebe que essa abertura tem de ser cuidadosa”, acrescenta Celso Granato, professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele acredita que o dado é motivo de preocupação e pode ser indicativo de aumento de casos nas próximas semanas. “As pessoas entenderam que poderia ser como antes e não é verdade. O vírus ainda circula.”

Já o infectologista Carlos Magno Fortaleza, do Departamento de Doenças Tropicais da Medicina da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) de Botucatu e integrante do Comitê de Contingência do governo paulista, afirma que os números de mortes têm um atraso de duas a quatro semanas em relação à incidência dos casos.

Assim, atribuir a interrupção da queda ao feriado de 7 de setembro pode ser um erro por ser um evento ainda recente. “A diminuição que vimos é resultado de um equilíbrio muito instável, de pessoas que se movimentam muito e já estão imunes, e de quem fica mais em casa e não está imune. É um equilíbrio frágil”, observa.

Por Renato Vieira,

Estadão Conteúdo

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