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Fed: sem mais apoio fiscal, há risco de crescimento fraco ou recessão, diz Evans

Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Chicago, Charles Evans reafirmou nesta terça-feira, 22, o compromisso da instituição com uma política monetária relaxada, mas destacou a importância de mais estímulos fiscais. Durante evento virtual do OMFIF, Evans considerou que, sem mais apoio fiscal, há risco de “período de crescimento fraco ou recessão” nos Estados Unidos.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Evans disse que a falta de apoio fiscal pode provocar uma “dinâmica de recessão” com mais força. Ele considerou que os EUA têm registrado uma recuperação econômica, mesmo no quadro de pandemia da covid-19, e lembrou que há setores que conseguiram manter sua produção apesar da crise de saúde. Por outro lado, Evans também destacou que outros setores mostram-se em desvantagem, como o de serviços e os relacionados a viagens, hospitalidade e hotéis, por exemplo.

Evans enfatizou em mais de um momento a importância da política fiscal, para manter as pessoas em casa no auge da crise de saúde e apoiar a retomada. Segundo ele, mesmo num quadro atual de dificuldades, os EUA conseguiram retomar “cerca de 90%” de sua economia pré-choque da covid-19.

O presidente do Fed de Chicago afirmou prever taxa de desemprego em 7,5% nos EUA no fim deste ano, “talvez em 7%”. Até o fim do próximo ano, projetou que a taxa recuará a cerca de 5,5%. Essa previsão inclui mais algum apoio fiscal e uma vacina para o novo coronavírus à frente, notou. Sobre valores, o dirigente considerou que o estímulo fiscal poderia ser de US$ 500 milhões ou US$ 1 trilhão, na sua expectativa.

Questionado sobre a política do Fed, Evans falou sobre a estratégia de buscar inflação média, mas disse que não há uma fórmula específica sobre como isso se dará adiante. “Nós podemos começar a elevar os juros antes de atingir inflação média de 2% e política seguir acomodatícia”, argumentou, dizendo que os dirigentes ainda terão de discutir mais essa estratégia. Ele disse ainda que não será uma preocupação se a taxa de desemprego ficar muito baixa, contanto que a meta para a inflação seja atingida.

“Acho que temos mais a discutir em termos de relaxamento quantitativo”, disse ele em outro momento, embora sem se comprometer com mais medidas nesse sentido. “A política monetária tem que ser suficientemente acomodatícia para apoiar a elevação da inflação rumo à nossa meta” de 2%”, considerou.

Evans comentou ainda o nível dos juros dos Treasuries, no quadro atual. Segundo ele, o retorno da T-note de 10 anos está em uma marca “muito baixa”, mas isso não parece ser uma questão neste momento. Sobre a possibilidade de o BC estabelecer um controle na curva de juros, ele disse que isso poderia se concretizar em um comunicado relativo ao intervalo de seis meses ou um ano, por exemplo.

Por Gabriel Bueno da Costa

Estadão Conteúdo

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