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Investigação do caso Marielle Franco troca de chefe pela segunda vez

A investigação sobre os homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridos em março de 2018, vai trocar de mãos pela segunda vez. O delegado Moisés Santana, que era titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, assumiu a Delegacia de Homicídios da capital e será o responsável pelo caso, substituindo Daniel Rosa.

Quando a vereadora e o motorista foram mortos, o titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro era o delegado Giniton Lages. À época, o governador era Luiz Fernando Pezão (MDB), mas a segurança pública no Estado do Rio estava sob intervenção federal. O interventor era o general Walter Braga Netto e o secretário de Segurança, Richard Nunes.

Um ano depois do crime, logo após identificar Ronnie Lessa e Elcio Queiroz como autores do crime, Lages foi substituído pelo delegado Daniel Rosa. O Rio já era governado por Wilson Witzel (PSC), que extinguiu a secretaria de Segurança. As delegacias passaram a ser subordinadas ao secretário de Polícia Civil, delegado Marcus Vinicius de Almeida Braga. Braga pediu demissão no final de maio e Flávio Brito assumiu o cargo no início de junho, nomeado por Witzel.

Em 28 de agosto, Witzel foi afastado do cargo pela Justiça e seu vice, Cláudio Castro (PSC), assumiu como governador interino. Dezessete dias depois, na segunda-feira, 14, Castro anunciou a troca do secretário de Polícia Civil. Allan Turnowski assumiu o lugar de Brito, e logo anunciou mudanças na pasta. Antônio Ricardo Nunes deixou a chefia do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), que foi assumida por Roberto Cardoso. O DGHPP comanda as delegacias de Homicídios da capital e da Região Metropolitana.

Cardoso então trocou Daniel Rosa por Moisés Santana. Rosa já era o responsável pela investigação da morte de Marielle em outubro de 2019, quando o depoimento de um porteiro envolveu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no caso. Bolsonaro, que na época do crime era deputado federal, e Ronnie Lessa, um dos acusados pelo assassinato, tinham casas no mesmo condomínio, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).

Um porteiro desse condomínio afirmou à polícia que no dia do crime Élcio Queiroz, outro acusado pela morte de Marielle, chegou ao condomínio perguntando por Jair. Segundo essa versão, Bolsonaro atendeu o interfone e autorizou a entrada de Queiroz. Peritos da Polícia Civil analisaram a gravação e atestaram que a voz não era de Bolsonaro, mas de Ronnie Lessa. O próprio porteiro se retratou, mas a divulgação da versão inicial dele irritou o presidente, que passou a considerar Witzel um desafeto.

Questionado pela imprensa se a substituição de Rosa foi causada por interferência política, Turnowski negou. Segundo ele, tratou-se de uma troca por razões técnicas, e a investigação sobre a morte de Marielle seguirá avançando.

A reportagem questionou a secretaria de Polícia Civil, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Por Fábio Grellet

Estadão Conteúdo

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