A XP Inc (XP) anunciou na última sexta-feira (11) que estabeleceu uma parceria na área de gestão de fortunas “private” (wealth management) com um grupo de ex-executivos do banco Credit Suisse. A notícia já vinha circulando de forma extra oficial no mercado na última semana.
A XP terá participação de 49,9% nesta empresa. A expectativa é que a sua constituição seja feita de maneira diferente ao modelo tradicional de escritório de agente autônomo e se assemelhe ao que o BTG Pactual vem propondo aos parceiros, através de uma estrutura que vem sendo chamado de “corretora light”.
Segundo o CEO da companhia – Guilherme Benchimol – esta transação “habilita a XP a fechar uma parceria com profissionais de sucesso e com experiência comprovada no mercado de Private Banking no Brasil”. Ele reiterou a confiança na iniciativa e acredita que ela vai fortalecer a plataforma e “pressionará o segmento de Private Banking brasileiro, que segue bastante concentrado”.
Além disso, a XP anunciou através de seus canais de comunicação (Infomoney e redes sociais) que reduziu em 75% as taxas de corretagem para compra de ações (via home broker).
A Rico, corretora pertencente ao grupo, zerou a corretagem para compra de ações, antes cobrava R$ 7,50 por transação. O custo da corretagem na XP foi reduzido de R$ 18,90 para R$ 4,90 (R$ 2,90 para day trade).
De acordo com o CEO da Rico esse movimento de reduzir custos de corretagem buscou atender às reclamações dos clientes e a queda na receita de corretagem deverá ser mais do que compensada pelo aumento de receitas de outros produtos que deverão aumentar o valor pago pelo cliente ao longo do tempo (LTV).
A notícia oficial da parceria com a equipe de executivos do Credit Suisse é positiva, pois demonstra que a XP conseguiu “responder à altura” às recentes baixas que teve com a saída do time de Wealth para o BTG Pactual.
Já a notícia da redução da corretagem é mista. Por um lado, demonstra certa “canibalização” no mercado no curto prazo e um aumento na pressão nas comissões e taxas recebidas pela corretora. Na outra ponta demonstra mais uma vez a agilidade na gestão e nas tomadas de decisões da companhia. Não por acaso, o anúncio veio um dia após o Nubank entrar no mercado de investimentos através da aquisição da corretora independente Easynvest.
Analistas acreditam que o tom mais positivo deve predominar no curto prazo e esperamos uma reação positiva no preço das ações da XP Inc (XP) na sessão desta segunda-feira (14).
Esse movimento de redução nos custos de corretagem segue o modelo da corretora americana Charles Schwab, que “zerou” as taxas de corretagem para clientes no fim de 2019. Assim, a XP segue os passos da corretora americana ao liderar o mercado e fazer movimento de redução na corretagem antes da concorrência.
De forma resumida são dois vetores que ditam o resultado da XP: ativos sob custódia (AuC) e as taxas de comissão (take rate) sobre os ativos que, na prática, são quase como um retorno sobre os ativos (ROA). Ao longo deste ano a XP surpreendeu positivamente principalmente no primeiro aspecto, com elevadas captações líquidas mensais.
A XP fechou o 2T20 com R$ 435 bilhões de AuC e um take rate de 1,4% em base anualizada. Contudo, os últimos meses têm sido de pressão sob os vetores: i) a saída de alguns escritórios rumo ao BTG acendeu a luz de alerta na parte do AuC; ii) já a redução nas corretagens demonstra o aumento na competição entre as plataformas de investimento no Brasil.
A XP segue tentando maximizar a extração das receitas sob os ativos, seja através do aumento nas taxas para a distribuição de fundos, criação e distribuição produtos estruturados e maior alocação em ativos de risco. Na parte institucional/banking a XP segue aumentando a sua participação nas ofertas, chegando a atuar como coordenadora líder em algumas delas.
De acordo com analistas, a XP e o BTG são os melhores “players” atualmente no mercado de plataformas de investimentos no Brasil, beneficiadas pelas baixas taxas de juros no Brasil e mudança na cultura de investimento do brasileiro. Contudo, a competição deve ficar acirrada no médio prazo e o primeiro indicador a revelar esta questão será a queda nas comissões (take rate) extraídas da base de ativos.
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