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Bolsa fecha em baixa de 0,48%, a 98.363,22 pontos, com perda de 2,84% na semana

Em dia misto em Nova York, o Ibovespa se manteve nesta sexta-feira abaixo dos 100 mil pontos ao longo de toda a sessão, algo que não ocorria desde 8 de julho, quando o índice, em dinâmica oposta, se preparava para recuperar os seis dígitos, o que de fato ocorreu na sessão seguinte, no intradia (100.191,24), e em 10 de julho, no fechamento (100.031,83) – o primeiro acima da marca desde 5 de março. Nesta sexta-feira, o Ibovespa fechou em baixa de 0,48%, aos 98.363,22 pontos, no menor nível desde 7 de julho, então aos 97.761,04 pontos. Na semana, acumulou a segunda perda seguida, agora de 2,84%, em seu pior desempenho desde a encerrada em 15 de maio (-3,37%), nesta sexta acima da queda observada no intervalo até 26 de junho (-2,83%).

O giro financeiro da sessão totalizou R$ 27,4 bilhões e, no ano, as perdas do índice chegam a 14,94% – em setembro, cede 1,01%. Nesta sexta, na mínima (97.757,90), chegou a testar o suporte na região de 97,8 mil pontos, que, uma vez rompido, tenderia a levar o índice mais abaixo, deixando a faixa de consolidação entre 99 mil e 103 mil pontos na qual tem se mantido desde o início de agosto.

Na máxima desta sexta, foi apenas aos 99.434,74 pontos, saindo de abertura aos 98.839,08 pontos. Esta sexta-feira foi a primeira vez que o Ibovespa emendou, no fechamento, duas sessões abaixo dos 100 mil desde os dias 8 e 9 de julho, às vésperas de recuperar os seis dígitos no encerramento seguinte, de 10 de julho.

Em meio ao avanço dos preços do minério movido pela demanda chinesa – nesta sexta em alta de 1,81% em Qingdao, a US$ 128,37 por tonelada -, o forte desempenho de Vale ON (+5,84% no fechamento, maior alta da carteira) e de algumas siderúrgicas (CSN +4,03%, terceiro maior ganho da sessão) contribuiu para amenizar as perdas do Ibovespa, em dia mais uma vez negativo para Petrobras (PN -1,08% e ON -0,50%) e bancos, setor de maior peso no índice (Bradesco PN -1,87% e Itaú -1,17%). Na ponta do Ibovespa, Cielo perdeu 4,31%, seguida por IRB (-4,13%). No lado oposto, além de Vale e CSN, destaque para Bradespar (+4,35%).

“Foi uma semana ruim, com um ajuste que veio de fora desde o fim da semana passada, com Nova York. Houve uma alta muito íngreme e sem respiro por lá e, desde agosto, passou a prevalecer aqui cautela quanto à política, a situação fiscal brasileira, que cortou a progressão do Ibovespa. Então, nesta semana que termina, faltou âncora doméstica e externa para segurar o índice”, diz Eduardo Cavalheiro, sócio-gestor da Rio Verde Investimentos, que mantém viés positivo, caso as reformas mostrem algum avanço, possivelmente este ano. “A alternativa de não se fazer nada nem tem como ser colocada – a foto do Brasil ficaria muito ruim”, acrescenta.

Ele menciona o grau de correção das ações em Nova York como outro fator a ser acompanhado de perto “Entrou em fase de realização de lucros, mas, com quem tenho conversado por lá, a animação persiste.”

“Aqui, entramos também em correção, mas não forte: o movimento tende a se manter assim, com menos ângulo e mais prolongado no tempo, ou seja, o Ibovespa praticamente caranguejando”, observa Renato Chain, economista da Parallaxis Economics.

Ele chama atenção, contudo, para aspectos ainda não muito presentes nos preços dos ativos, e que podem vir a requerer o olhar dos investidores, como a inflação no Brasil, a possibilidade de uma segunda onda mais intensa de Covid-19 no mundo, sem ainda uma vacina, e mesmo a possibilidade de o presidente Donald Trump vencer a disputa pela reeleição nos EUA, que “seria uma validação nas urnas da política de enfrentamento com a China”. “Em um cenário negativo, mais longo, o Ibovespa poderia vir abaixo de 90 mil pontos. Lá fora, está todo mundo contando com vacina em breve, e ninguém nem piscou para o que ocorreu no teste da AstraZeneca, vista como uma opção de vacina entre outras. Aqui, o dólar depreciado e a exportação de alimentos tem resultado em mais inflação, ainda que pontual. Com inflação a 3% e Selic a 2% começa a aparecer dificuldade para tesourarias de bancos”, aponta.

Por Luís Eduardo Leal

Estadão Conteúdo

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