Após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter escancarado publicamente na semana passado o rompimento de relações com Paulo Guedes, o ministro da Economia agradeceu nesta quarta-feira a ajuda do parlamentar com as reformas e reclamou das conversas do deputado com Estados e municípios para a criação de um novo fundo bilionário – às custas da União – na reforma tributária.
“Faço questão de registrar o olhar amigo de Maia que sempre nos ajudou em todas as reformas. Tivemos um ou outro desalinhamento, mas isso é natural. Eu tenho que proteger a União e Maia ficou mais perto de Estados e municípios na reforma tributária”, afirmou o ministro, em participação em evento organizado pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).
Guedes alegou nesta quarta-feira que o governo federal descentralizou recursos para Estados e municípios, que foram carimbados para a Educação. Por isso, a União não teria capacidade de criar um novo fundo com repasses para os governos regionais.
Na semana passada, Maia disse que não teria mais interlocução com Guedes após o ministro supostamente proibir encontros de secretários da pasta com o presidente da Câmara. “Aparentemente Maia estaria conversando com os governos regionais sobre um fundo social de R$ 480 bilhões. Mas esse dinheiro não existe mais; disse a Maia que não posso mandar técnicos para bolar uma reforma desalinhada com os nossos objetivos”, completou Guedes.
O ministro confirmou ainda que não deve procurar o presidente da Câmara para discutir os projetos em tramitação. “Preciso me recolher um pouco e seguir o rito natural do governo, via presidente da República e os líderes no Congresso. Meu recolhimento não é nada pessoal com Maia, tenho muita gratidão. Mas estou agora enquadrado em um regime de comunicação política regular, acabou meu voluntarismo. Acredito que haverá menos desgaste, eu, Maia, todo mundo”, avaliou.
E concluiu: “Durmo tranquilo porque agora o governo tem eixo político. Governo agora tem lideranças e base, não preciso mais andar desesperado pelo Planalto.”
Por Eduardo Rodrigues
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