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Feriadão marca volta do crescimento na ocupação de hotéis e pousadas

Pela primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus, hotéis e pousadas de diferentes regiões do Brasil tiveram alta na procura por vagas e unidades operando no limite da capacidade permitida durante o feriadão prolongado do 7 de Setembro. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), os turistas optaram por fazer deslocamentos mais curtos e dentro da própria região – em alguns lugares, a taxa de ocupação chegou a atingir 90%.

“A procura aumentou principalmente para os destinos regionais, como Jericoacoara (CE), Porto de Galinhas (PE), Pipa (RN). Então esses destinos, em que dá para colocar a família no carro e se deslocar até 300 quilômetros, tiveram ocupação muito boa, mas o turismo de negócio, como em São Paulo, ainda ficou muito baixo, em torno de 10%”, diz Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional.

Para Linhares, o boom registrado no feriadão seria reflexo do longo período da pandemia no País, que já dura seis meses. “O brasileiro está cansado do isolamento, a ponto de não aguentar mais ficar dentro de casa”, argumenta. Segundo afirma, os hotéis receberam orientação contra a covid-19 e desenvolveram protocolos de segurança.

Embora variem de acordo com as normas de cada região, as regras, em geral, incluem limitar a capacidade total da unidade, fazer check-in eletrônico, ter álcool em gel disponível em todos os ambientes, usar máscara nas áreas comuns e opção de café da manhã no quarto, sem cobrança de taxa extra.

Em Santos, no litoral paulista, as hospedagem voltaram a ter boa movimentação de turistas. “Na Baixada Santista, os hotéis estão com limite de 60%, e eu ocupei 60%. Na verdade, a ocupação só não foi maior porque não pode”, diz o recepcionista Edgard Laporta Neto, do Monte Serrat Hotel.

Laporta Neto relata que, por medida de prevenção, a unidade fechou o restaurante e outras áreas de lazer, como academia e sala de jogo, e serviu café da manhã diretamente no quarto do hóspede. “As pessoas podem sair de casa e manter o cuidado”, afirma.

No Unique Garden, em Mairiporã, a ocupação foi de 60% durante o feriado – a máxima permitida nessa etapa de retorno gradual da atividade. “Neste momento delicado, nosso maior compromisso é oferecer um ambiente seguro e saudável, alinhando a excelência dos nossos serviços aos mais modernos protocolos sanitários para combater a disseminação da covid-19”, diz mensagem destinada aos hóspedes.

No Rio, hotéis também descrevem maior procura. “Neste fim de semana o movimento foi muito maior do que nos dias anteriores”, diz um funcionário do Hotel Atlântico, em Copacabana, onde as mesas do restaurante foram afastadas para cumprir o distanciamento. “A lotação ficou entre 50% e 60%.”

Um dos principais destinos turísticos do Nordeste, Porto de Galinhas, em Pernambuco, teve vagas disputadas no feriadão. “Lotou na sexta, sábado e domingo. O telefone não parava de tocar. Também teve muita gente que bateu na porta, sem avisar, e precisou voltar porque não tinha mais vaga”, conta a recepcionista Solange Gomes, a Sol, da Pousada Maria Bonita.

Em Porto, hotéis e pousadas precisam operar com até 50% da capacidade, de acordo com as regras locais. “Mas tinha muita gente: as piscinas naturais ficaram cheias”, diz Sol.

Famoso destino no Ceará, Jericoacoara também registrou aglomerações nas praias. “A vila só abriu em agosto e, agora, a procura foi muito forte”, relata Jasmin Silva, do setor de reservas da Pousada Sahara.

No local, o hóspede agendava o horário das refeições e os sete quartos ficaram ocupados durante o feriado, uma vez que não há restrição de limite de vagas. O movimento, no entanto, deve cair durante a semana. “Para os próximos dias, a gente quase não fez reserva ainda.”

Presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhas diz que, apesar do movimento do feriadão, o setor de turismo “vai ser o último a sair da crise provocada pela pandemia”. “Se a gente considerar os fins de semana e feriados, são oito dias por mês com boa ocupação: a hotelaria não sobrevive”, afirma. “Para o setor, com alta carga tributária, insumos caros e muitos colaboradores, o ponto de equilíbrio é em torno de 50% todos os dias.”

Por Felipe Resk

Estadão Conteúdo

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