Economia

Fundos geridos por robôs ajudam a diversificar portfólio

Você já ouviu falar em fundos quantitativos? São aqueles em que a estratégia é definida por algoritmos e executada por robôs. Por eliminar as emoções da tomada de decisão, esses fundos, também chamados de sistemáticos, costumam apresentar bons desempenhos durante os períodos difíceis da economia. Eles são classificados como fundos multimercados, pois investem em diversas classes de ativos, como juros, bolsa, moedas e commodities.

O fato de serem geridos por robôs não quer dizer que esses fundos dispensem totalmente os gestores. Ao contrário. Para montar as estratégias, o gestor do fundo (uma pessoa) desenvolve uma tese de investimento. Essa tese será testada pelo robô, que vai pesquisar bases de dados de preços em busca de padrões de comportamento. Usando esses padrões de alta ou de baixa dos preços como parâmetro, o robô vai tomar e executar as decisões de compra e de venda dos ativos. Com os novos modelos de investimento, que usam técnicas de machine learning, o gestor deixa o computador descobrir as melhores opções baseado somente em dados e aumentar gradativamente a precisão de suas decisões.

Para entender melhor como funcionam os fundos quantitativos, conversamos com Fabio Guarda, gestor do Fundo Bracco da Ativa WM. Confira:

Fabio Guarda é gestor do Fundo Bracco da Ativa WM (Foto: Divulgação)

O que são fundos quantitativos?
Fundos quantitativos e sistemáticos são fundos nos quais as decisões de gestão não são tomadas por um ser humano, mas por um conjunto de regras matemáticas que determinam a entrada e saída de ativos e variações de posições. Podem ser de alta ou baixa frequência de execução e, inclusive, ter as ordens enviadas automaticamente às bolsas. Podem ser perseguidores de tendência, buscar reversão à média, machine learning, ou ainda combinar essas diferentes estratégias. O importante é que o gestor, uma vez aprovado o arcabouço a ser usado, não tenha interferência nas decisões que o sistema produz.

Como funcionam? Pode citar exemplos?
O Bracco, por exemplo, utiliza as ações mais líquidas que negociam na B3, o dólar e outros derivativos para produzir resultados que, com o tempo, devem ter uma correlação baixa com os ativos brasileiros. Os modelos identificam tendências e padrões e procuram perseguir essas probabilidades com limite de perda definidos intrinsecamente pelos modelos. As decisões são de frequência média, negociamos apenas uma vez ao dia, rodamos todos os sistemas e inserimos os resultados para sua execução nas bolsas.

Esses fundos vêm ganhando popularidade no Brasil?
No Brasil o crescimento dos fundos com essa característica ainda é modesto. Nos Estados Unidos é diferente. Esses produtos já compõem a maioria dos ativos sob gestão. Lá, dos dez maiores fundos, quatro são puramente sistemáticos e três são híbridos. Somente três seguem um modelo tradicional de gestão.

Quais as vantagens de investir em fundos quantitativos?
A principal vantagem é a ausência de interferência humana nas decisões. Um gestor pode estar influenciado por inúmeras coisas ao longo do seu dia e essas coisas podem alterar a sua percepção e o seu humor e, por consequência, como ele reagiria a notícias e como tomaria suas decisões.

Em um mundo com crescente fluxo de informação, terceirizar as decisões para um arcabouço de regras pré-definido traz mais objetividade ao portfólio e mais segurança ao investidor. Outra grande vantagem é que a maioria dos produtos sistemáticos procura ter uma correlação com os outros ativos menor do que os fundos tradicionais, o que diversifica a geração de retorno.

Quais os riscos?
Os riscos são semelhantes a um produto tradicional que possua uma política de investimento semelhante – em termos de limites e ativos permitidos. Há, porém, uma vantagem clara: A grande maioria dos fundos sistemáticos tem limites de perdas pré-definidos em seus modelos matemáticos, não havendo influência humana. Por isso, eles são menos arriscados em momentos de grande oscilações e descontinuidade.

Este momento é bom para investir em fundos quantitativos?
Considero o momento muito oportuno para investidores brasileiros diversificarem parte dos seus recursos em estratégias sistemáticas que não tenham influência humana em sua formulação e execução.

Geovana Pagel

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