A participação do Brasil na produção industrial mundial caiu de 1,24%, em 2018, para 1,19%, em 2019. O dado é do Desempenho da Indústria no Mundo, estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, a participação do País está em trajetória de queda desde 2009 e, com a nova retração, a indústria nacional mantém perda de relevância no cenário global e passou a ocupar a 16ª posição no ranking.
De acordo com os números, até 2014, o Brasil estava entre os 10 maiores produtores no ranking mundial. Entre 2015 e 2019, o País perdeu sua posição para as indústrias do México, Indonésia, Rússia, Taiwan, Turquia e Espanha.
O estudo mostra que o desempenho das exportações da indústria de transformação brasileira também retrata perda de competitividade. Segundo estimativa da CNI, a participação nacional nas exportações deve ficar em 0,82% em 2019, igual ao menor patamar da série histórica, registrado em 1999. Em 2018, a participação nacional nas exportações era de 0,88% e o País ocupava a 30ª colocação no ranking global.
“O cenário torna ainda mais urgente a aprovação de reformas e legislações que destravem a economia brasileira e aumentem a competitividade da indústria nacional. São os casos da reforma tributária, da nova lei do gás e do reforço em investimentos em pesquisa e desenvolvimento”, destaca o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Essa perda da participação da indústria de transformação nacional no cenário mundial ocorreu mesmo em um ambiente de depreciação do real, que deveria estimular as exportações, destaca a CNI. A entidade aponta entre os obstáculos a um melhor desempenho das vendas externas a volatilidade, ligada às incertezas com relação ao ambiente externo e doméstico, o que prejudica a realização de contratos.
A CNI destaca ainda como fatores que contribuíram para o recuo das exportações brasileiras a crise na Argentina e o aumento das tensões entre Estados Unidos e China. Argentina e Estados Unidos são os principais mercados compradores de manufaturados brasileiros. Em 2019, as exportações para esses dois países representaram 28% do total exportado pela indústria de transformação brasileira.
Segundo a CNI, a perda de participação da indústria brasileira na produção industrial mundial tem sido observada desde meados da década de 1990. A crise econômica do País de 2014-2016, no entanto, intensificou esse movimento, período em que o PIB da indústria acumulou queda de 10,1%.
Parceiros
Entre os principais parceiros comerciais do Brasil, a China é o que possui melhor desempenho. Segundo o estudo da CNI, a participação do país asiático no valor adicionado da indústria de transformação mundial cresceu de 28,85%, em 2018, para 29,67%, no ano passado. O aumento de 0,82 ponto porcentual foi o único resultado positivo observado entre os países avaliados. As maiores perdas foram registradas pela Alemanha (de 5,64%, em 2018, para 5,42%, em 2019), seguida do Japão (de 7,12% para 7,01%, no mesmo período). Apesar do recuo, os dois países não perderam os lugares no ranking global, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos.
A China também aparece com a primeira no ranking de participação nas exportações mundiais da indústria de transformação, seguida de Alemanha, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Segundo a CNI, juntos, esses países representaram 41% das exportações mundiais da indústria de transformação em 2018.
Por Sandra Manfrini
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