Economia

Bolsa se descola de Nova York e fecha com alta de 0,5%; dólar fica a R$ 5,30

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, conseguiu inverter o sinal e fechar com leve alta de 0,52%, aos 101.241,73 pontos nesta sexta-feira, 4, apesar das perdas vistas no mercado acionário de Nova York, que fechou em queda pelo segundo dia consecutivo mesmo com a melhora do desemprego nos Estados Unidos entre julho e agosto. Esse sentimento de cautela visto no exterior também deu força ao dólar e a moeda avançou ante ao real, encerrando com alta de 0,21%, a R$ 5,3071.

Nesta sexta, o pregão de Nova York foi marcado pela oscilação dos índices, com os investidores ainda tensos com o ritmo de recuperação das economias globais. Por lá, não animou a criação de 1,4 milhão de empregos nos EUA em agosto também parece ajudar a conter as perdas – no país, a taxa de desemprego recuou de 10,2% em julho para 8,4% no mês passado. A declaração de Donald Trump de que haverá uma vacina contra a covid-19 “em breve”, e que “boas notícias” estão próximas, também não animou.

Com isso, os índices voltaram a fechar em queda, ainda que menor. O Dow Jones caiu 0,56%, o S&P500 recuou 0,81% e o Nasdaq teve queda de 1,27%. Como não podia ser diferente, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, passou boa parte do pregão sob a influência dos índices americanos. Na mínima do dia, ele caía aos 98.960,50 pontos – pior nível intradia desde 17 de agosto. No final, no entanto, ele aproveitou para se descolar de Nova York e recuperar os 101 mil pontos, antes dos feriados na segunda-feira da Independência no Brasil e do Trabalho nos EUA, no qual ambos os mercados ficarão fechados.

“Entre o movimento de correção das bolsas americanas, em vista do aumento da volatilidade que inevitavelmente deve ser gerado por conta das eleições, e a melhora do quadro político doméstico com o avanço das reformas, o Ibovespa segue travado entre os 103 e 99 mil pontos. Somente o rompimento de um desses extremos para o mercado ganhar uma direção no curtíssimo prazo”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Nesta sexta-feira, as ações de grandes bancos, pelo segundo dia, e parte das de siderurgia e mineração, em recuperação, contribuíram para o sinal positivo do Ibovespa no encerramento do dia. Gerdau Pn subiu 2,79%, Vale On avançou 2,56% e a Unit do Santander teve ganho de 2,56%. Já Petrobrás Pn e On tiveram altas de 0,17% e 0,13% cada, resultado que veio descolado dos preços do petróleo no exterior – hoje, o WTI para outubro fechou em queda de 3,87%, a US$ 39,77 o barril e o Brent para novembro teve baixa 3,20%, a US$ 42,66 o barril.

Com os resultados de hoje, a Bolsa fechou com perda de 0,88% na semana, mas ainda tem ganho de 1,88% no mês. No ano, cede 12,45%.

Câmbio
O dólar fechou a sexta em alta, após cair nos últimos três dias. A moeda americana, porém, acumulou queda de 2% na semana, a segunda consecutiva de desvalorização. Hoje, o real até ensaiou novo dia de ganhos, com o dólar recuando para R$ 5,24 na mínima do dia, mas o clima ruim no exterior, que só amenizou no final do dia, e o tradicional movimento de cautela antes do feriado prolongado acabaram prevalecendo. Com isso, o real hoje, ao contrário dos últimos dias, perdeu força ante o dólar, enquanto outros emergentes, como o México e África do Sul, ganharam. No ano, porém, o dólar ainda acumula alta de 30%. Hoje, a moeda paraoutubro encerrou com alta de 0,15%, a R$ 5,3040.

Para os estrategistas do moedas do Bank of America, o principal risco para o real no curto prazo é a questão fiscal, por exemplo com a volta da ameaça ao teto de gastos, única âncora fiscal do Brasil, e o aumento dos ruídos políticos. Esta semana, o governo repetidas vezes mostrou compromisso em manter o teto.

E como o aumento da cautela pressionou o dólar, o ouro amargou perdas nesta sexta. Hoje, o metal precioso recuou 0,18%, a US$ 1.934,30 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). Na semana, 2,06%./LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

Estadão Conteúdo

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