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Volatilidade tende a diminuir quando reformas forem aprovadas, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a avaliar que a volatilidade no mercado de câmbio está um pouco maior do que o esperado. “Quando o debate fiscal voltou ao cenário, essa volatilidade inclusive aumentou. Mas estamos mostrando que estamos comprometidos com o ajuste fiscal e com o teto de gastos, e isso pode reduzir a volatilidade. A provação de reformas também tende a reduzir esse movimento”, afirmou, em participação no evento virtual “Emerging & Frontier Forum 2020”, organizado pela Bloomberg.

Campos Neto voltou a comentar que a autoridade monetária realiza intervenções quando denota disfuncionalidades no mercado de câmbio e descartou o uso de outros instrumentos que, segundo ele, não funcionaram bem em outros países, como estabelecer cronogramas antecipados de intervenções.

“Não temos uma meta de câmbio e acreditamos que ele deve ser flutuante. Há uma estabilização, mas se tivermos problemas, estamos preparados para intervir mais no câmbio no futuro”, completou o presidente do BC.

Campos Neto também considerou que o patamar atual das reservas internacionais é adequado e repetiu a avaliação de que elas são um seguro com um custo muito barato para o País. “Não temos uma meta para o nível das reservas e as utilizamos sempre que entendemos necessário”, acrescentou.

Política monetária como principal instrumento

O presidente do Banco Central disse também que a autoridade monetária ainda não foi ao mercado comprar títulos privados – o chamado quantitative easing – porque ainda há espaço para usar a política monetária. “Usar muitas ferramentas antes de esgotar a política monetária tende a retirar credibilidade das ações do BC. A política monetária é o nosso principal instrumento”, afirmou.

Campos Neto lembrou que o atual patamar da taxa Selic é estimulativo e repetiu que a política monetária segue sendo a prioridade para o BC. “O que informamos é que, se ainda há espaço para cortar a Selic, esse espaço deve ser muito pequeno. Estamos próximos do limite inferior para a taxa de juros. Explicamos bastante o que consideramos o nosso ‘lower bound’ e acredito que o mercado entendeu”, reafirmou.

Juros baixos

O presidente do Banco Central disse que as políticas reformistas adotadas pelo governo e o ambiente internacional podem permitir ao Brasil conviver com juros baixos por bastante tempo. Ele lembrou que ninguém imaginava no ano passado um cenário de Selic a 2,00% em meio a uma pandemia como a de covid-19.

“Queremos que nosso setor privado seja atrativo, e não o setor público. É disso que queremos convencer as pessoas. Acreditamos no crescimento da economia por meio do setor privado”, afirmou Campos Neto. “O prêmio (de juros) é sempre relacionado ao risco. As taxas estão baixas no mundo todo. Vamos fazer reformas e reinventar o crescimento brasileiro pelo setor privado”, completou.

Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro

Estadão Conteúdo

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