Categories: Política

Salvador tem cinco pré-candidatos negros

A discussão sobre representação racial nas eleições de Salvador ganhou força em 2020, após entidades do movimento negro criarem campanhas para incentivar candidaturas de afrodescendentes aos poderes Executivo e Legislativo, por meio de núcleos como Eu Quero Ela – Salvador Cidade Negra e Plataforma Salvador Negra 2020. Embora a capital baiana tenha 79,2% de sua população afrodescendente (dados do IBGE), os soteropolitanos nunca elegeram um prefeito negro pelo voto popular. O único a sentar na cadeira do Palácio Thomé de Souza foi o hoje vereador Edvaldo Brito (PSD) – que entre 1978 e 1979 foi prefeito biônico, durante a ditadura militar.

Neste ano são cinco pré-candidaturas de afrodescendentes à prefeitura, quatro delas associadas a movimentos de representação negra: Denice Santiago (PT), Olívia Santana (PCdoB), Eslane Paixão (UP) e Hilton Coelho (PSOL). Em 2016, foram duas candidaturas autodeclaradas pretas.

Denice é aposta do PT para conquistar pela primeira vez a prefeitura de Salvador: ela é major da Polícia Militar da Bahia e foi responsável pelas rondas Maria da Penha. O quinto pré-candidato é também militar: o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante), que não tem militância ligada ao movimento negro.

Representatividade

A estimativa de parte de entidades do movimento negro é a de que o número de candidaturas de afrodescendentes à Câmara Municipal cresça de 15% a 20% nesta eleição. Hoje, considerando somente a cor da pele, são pelo menos 13 vereadores e vereadoras negros no Legislativo municipal. O número equivale a 30% das 43 cadeiras da Casa.

“Nós queremos um representante que tenha a cara da cidade, que é negra. E, na Câmara, também precisamos de quem pense a cidade para os negros”, disse Iraildes Andrade, coordenadora-geral do Coletivo de Entidades Negras (CEN). Ela avalia que a articulação das entidades do movimento negro para eleições tende a crescer nos próximos anos. “Os debates encorajaram mais pretos e pretas a se candidatarem”, disse.

Apesar da diversidade entre as entidades do movimento negro, um ponto comum é o de que a composição dos poderes Executivo e Legislativo refletem o racismo estrutural da sociedade soteropolitana. “A representação é um debate prioritário”, defende Sirlene Assis, que integra a direção nacional da União de Negros pela Igualdade (Unegro). “Independentemente de partidos, nós queremos o poder para o povo negro, que é maioria da cidade. Só que eu não acredito que os não-negros vão fazer o melhor para nós, pois estão há séculos dirigindo a cidade e isso não ocorreu.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Regina Bochicchio, especial para o Estadão

Estadão Conteúdo

Recent Posts

País pode virar referência em pagamentos internacionais com uso de cripto, dizem especialistas

O Brasil tem a oportunidade de ser referência em pagamentos internacionais, assim como já é…

10 horas ago

Deputado do agro quer comissão externa para ‘colocar dedo na ferida’ do Carrefour

Lideranças do agronegócio estão indignadas com a decisão do Carrefour de boicotar a carne do…

11 horas ago

Federação de Hotéis e Restaurantes de SP organiza boicote ao Carrefour

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários…

1 dia ago

Gol anuncia nova rota semanal entre Curitiba e Maringá

A Gol Linhas Aéreas anunciou o lançamento de uma nova rota que liga Curitiba (PR)…

1 dia ago

Governo de SP prevê R$ 1,3 bi em segurança viária para concessão da Nova Raposo

A concessão rodoviária do Lote Nova Raposo (São Paulo) vai a leilão na próxima quinta-feira,…

1 dia ago

Petróleo pode cair de US$ 5 a US$ 9 em 2025 com grande oferta e problemas da demanda

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a…

1 dia ago