Os juros futuros começaram a semana em baixa inspirados na melhora de apetite ao risco no exterior que também ajudou a conter a depreciação do real vista nos últimos dias. O movimento, no entanto, foi limitado nesta segunda-feira, 24, pela manutenção das preocupações com o cenário fiscal e não teve respaldo de liquidez.
O volume de contratos foi bem abaixo da média, refletindo a agenda e noticiários fracos e a expectativa pelos eventos da semana – em especial, pelo anúncio do novo pacote econômico do governo que vai reunir o programa Renda Brasil, corte de despesas com regulamentação dos gatilhos para acionamento do teto de gastos, desoneração da folha salarial, privatizações e estímulo a investimentos privados. Não por acaso, o governo batizou o pacote de Big Bang. O lançamento previsto para a terça-feira, 25, foi adiado, segundo fontes, mas nem por isso houve reação negativa.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 2,74%, de 2,803% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 3,964% para 3,88%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,71%, de 5,764% no último ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 6,73%, de 6,793%.
João Mauricio Rosal, economista-chefe da Guide Investimentos, afirma que o mercado está um pouco melhor, “mas não muito”. “Temos ventos de cauda lá fora e ventos contrários aqui dentro”, avaliou. “O fiscal, como não está claro ainda, continua e continuará demandando prêmio no mercado local. A curva se mantém bem inclinada”, afirmou.
Sem condutores fortes nesta segunda-feira para os negócios, o mercado operou a reboque o exterior, onde o apetite pelo risco foi estimulado pela perspectiva de que o governo Trump acelere o processo de lançamento de uma vacina contra o coronavírus antes da eleição de novembro.
As bolsas subiram, assim como o rendimento dos Treasuries. Por aqui, havia expectativa de que o pacote do governo seria apresentado na terça, mas será apresentado em etapas e na terça deverá ser lançado apenas o Casa Verde e Amarela. Fontes do Planalto relatam que os atos para regulamentar os anúncios ainda não estavam finalizados pela equipe econômica, o que teria deixado o presidente Jair Bolsonaro incomodado.
O sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho, viu com bons olhos o adiamento do pacote. “Esses programas são feitos em cima de maior gasto público”, lembrou.
Desse modo, o governo ganha tempo para melhor equacionar de onde virão as receitas e como acomodar as despesas.
Por Denise Abarca
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