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Juros fecham em leve baixa, na contramão da forte pressão sobre o câmbio

Os juros futuros se moveram lateralmente durante a tarde para fechar com taxas em leve baixa. A reação positiva à manutenção do veto ao reajuste salarial de servidores nesta quinta-feira, 21, pelos deputados manteve a curva de juros descolada do pessimismo dos demais ativos, ainda que ontem mesmo o mercado já tivesse precificado em boa medida o resultado favorável. O destaque da agenda foi o saldo super positivo de geração de emprego, acima do esperado, no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em julho, mas que acabou não trazendo impactos na curva. Entre idas e vindas nos últimos dias, marcados por surpresas no cenário político, as taxas terminaram a semana também nos mesmos níveis da sexta-feira anterior.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 2,80% (2,793% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2023 passou de 3,994% para 3,96%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,76%, ante 5,804% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 6,79%, de 6,823%.

“O DI continuou absorvendo a notícia do veto, embora já estivesse meio claro ontem à tarde que seria mantido. A questão fiscal é primordial para o mercado de juros, enquanto os outros segmentos sofrem mais com a influência dos eventos externos”, disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Vladimir Caramaschi, para explicar por que a alta do dólar para R$ 5,60 não contaminou o DI.

Na sua avaliação, o mercado repercutiu positivamente não somente a manutenção do veto em si, mas toda a estratégia dos líderes, a começar pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para inverter o jogo, depois que o Senado derrubou o veto. “O placar foi convincente (316 votos a favor), os discursos, enfáticos, e a reação da Câmara foi rápida, reforçando a ideia de que não haveria complacência com a reação negativa do mercado e da sociedade”, afirmou Caramaschi.

Desse modo, após as fortes emoções de quarta e de quinta patrocinadas pelo Congresso, o dia hoje teve um ar de rescaldo para o mercado de juros, na medida em que também não houve nada novo no noticiário de Brasília. O governo aproveitou o clima favorável e para antecipar a divulgação do Caged, prevista apenas para o dia 27, e capitalizar o saldo líquido de criação de 131.010 vagas no mês passado. O número veio muito acima do teto das estimativas dos analistas, de 91.389 postos.

Na curva, porém, a reação foi neutra, na medida em que os investidores sabem que a melhora nos dados de atividade e emprego está sendo retomada de forma artificial pelas medidas temporárias adotadas contra a crise causada pela pandemia. A precificação continua indicando 100% de chance de Selic estável, com todas as taxas acima do CDI de 1,90%.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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