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Cogna (COGN3) reverte lucro e fecha o segundo trimestre com prejuízo de R$ 139,5 milhões

A Cogna Educação (COGN3) divulgou na quinta-feira (20) seu resultado do segundo trimestre de 2020. Os números mostraram os impactos mais severos da pandemia e vieram abaixo do esperado em termos de receita líquida, Ebitda e lucro líquido.

O principal destaque negativo foi a provisão adicional para devedores duvidosos (PDD) no valor de R$ 328 milhões no trimestre, para fazer frente à potencial ao aumento de inadimplência nos próximos trimestres devido à Covid-19.

Do lado positivo, a empresa se manteve geradora de caixa mesmo em meio ao resultado abaixo do esperado na Kroton e viu suas subsidiárias Platos, Saber e Vasta apresentarem bons números durante a pandemia.

A receita líquida caiu 21,3% na comparação anual, de R$ 1,74 bilhão para R$ 1,37 bilhão.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi severamente afetado e saiu de um valor positivo de R$ 624,8 milhões para um valor negativo de R$ 139,5 milhões.

A Cogna Educação teve prejuízo líquido de R$ 454,7 milhões no segundo trimestre deste ano, ante lucro líquido de 139,6 milhões em igual período de 2019.

Analistas acreditam que o mercado já esperava um resultado mais fraco para a Cogna no trimestre e que parte desse resultado ruim já estava no preço das ações. Porém, como o Ebitda veio bem abaixo do esperado devido às provisões para devedores duvidosos (PDD), esperamos impacto negativo no preço das ações COGN3 nesta sexta-feira (21).

Apesar da boa performance das suas subsidiárias, a Kroton ainda representa mais de 70% da receita líquida da Cogna. Dessa forma, o resultado consolidado foi bastante afetado pelo resultado fraco da Kroton no ensino superior presencial (queda de 30,6% na receita líquida).

As ações da Cogna (COGN3) apresentam desempenho bastante negativo em 2020: queda de 42,5%, comparado à desvalorização de 12,3% no Ibovespa.

O custo dos bens e serviços vendidos aumentou 25,4%, para R$ 205,9 milhões enquanto as despesas operacionais recuaram 23,1%, para R$ 154,8 milhões no segundo trimestre.

O Ebitda ficou negativo em R$ 139,5 milhões, impactado pelas provisões para PDD. O Ebitda recorrente “pro-forma” somou R$ 384 milhões, com margem de 29,6% (34,1% no mesmo período de 2019).

O resultado financeiro ficou negativo em R$ 194,7 milhões no segundo trimestre deste ano, 11% abaixo do resultado negativo de R$ 219,5 milhões do mesmo período de 2019.

A pós-graduação EAD avançou 2,7%, resultado do forte crescimento da captação (+22,8%), enquanto a pós-graduação presencial declinou 11% por conta do impacto da pandemia de coronavírus na captação (queda de -45,9%).

No pilar financeiro, a empresa tem sólida posição de caixa de R$ 3,7 bilhões. Embora a dívida líquida some R$ 4,8 bilhões, apenas 15% dela vencem nos próximos 12 meses (R$ 720 milhões), sendo o pagamento mais relevante datado para agosto de 2021. A relação dívida líquida/Ebitda ficou pouco abaixo de 3,0 vezes em junho de 2020.

O nível de endividamento ainda não considerada o IPO da Vasta que ocorreu no final de julho deste ano. O IPO da Vasta levantou R$ 2 bilhões para a Cogna, dinheiro importante para a companhia manter sua estratégia de seguir crescendo via aquisições.

Além do IPO da Vasta, a Cogna já havia levantado outros R$ 2,6 bilhões com a realização de uma oferta de ações (follow-on) em fevereiro de 2020.

Segundo a companhia, a operação presencial da Kroton demandará um amplo processo de reestruturação para se adequar à nova realidade do mercado. Pretende-se reduzir o tamanho da operação, reduzir a quantidade de unidades, reposicionar o portfólio com foco em cursos mais nobres e reposicionamento de marca em algumas praças, visando o foco em produtos premium. A expectativa é ter uma empresa mais enxuta, com mais margem e geração de caixa.

O mundo pós-pandemia deve trazer mudanças nos sistemas de ensinos 100% presenciais. Na avaliação de analistas, o processo de hibridização do ensino que já vinha acontecendo no ensino superior será fortemente acelerado neste novo cenário e a Cogna está em uma boa posição para capturar valor com essa nova realidade no médio e longo prazo.

Redação Mercado News

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